O poeta Miklós Radnóti


Semblante absorto, pensativo, mãos nos bolsos. A estátua do poeta Miklós Radnóti, encostada a uma superfície de madeira e ao lado do Teatro com o seu nome na rua Nagymező, é uma réplica do memorial situado à beira da estrada onde morreu.

Miklós Radnóti faleceu a 10 de Novembro, em 1944, com apenas 35 anos de idade, durante uma marcha forçada que começou nas minas de cobre de Bor, na Sérvia, assassinado por já não ter forças para continuar e enterrado numa vala comum na vila de Abda, na Hungria. 18 meses após a sua morte, o corpo foi exumado e descobriram no bolso da frente do seu sobretudo um pequeno bloco de notas com poemas e com instruções em várias línguas para onde e para quem entregar o bloco de notas.

Versos de amor para a esposa que nunca mais iria ver, versos para o amigo assassinado a tiro na mesma caminhada para a morte, versos das barbáries cometidas, versos para nós, nesse pequeno bloco de notas.

Em Budapeste, a memória do Holocausto está presente em várias homenagens originais e tocantes. O Memorial dos Sapatos às Margens do Danúbio é uma delas. A estátua de Miklós Radnóti é outra.

Como é que mesmo assim teimamos em querer repetir os erros do passado é um mistério que nos ultrapassa.