O meu TOP pessoal - 2008 (música)

Tal como já é habitual, estamos na altura do ano em que muitos de nós decidimos expor publicamente quais as nossas escolhas pessoais para o mesmo. No que me toca, e em relação à música, frise-se o pessoal, já que decidir o que é melhor ou pior numa área como esta é sempre muito subjectivo sinceramente. Sendo assim, e como fiz o ano passado de maneira muito semelhante, as opções passaram por 25 discos e faixas que me marcaram em 2008 pelas mais diversas razões, assim como algumas actuações que tive o prazer de assistir este ano.



2008 foi um ano pautado por algumas mudanças significativas na minha vida (que não interessam agora para aqui), o que me levou a inúmeras reflexões à medida que se aproximava a hora de fazer este balanço anual, ou não fosse a música uma parte integrante do meu dia a dia. Algo que fui notando com o tempo é que muitos dos discos que escolhi não só fizeram parte dessas mudanças e vida em geral, como foram álbuns que foram sendo assimilados a pouco e pouco, escutados inúmeras vezes, onde a cada audição novos segredos pareciam esconder-se dentro deles, com alguns deles a serem menciondos neste post pela primeira vez.



Sem mais demoras, comecemos pela lista, em ordem descrescente, dos 25 álbuns que mais gostei de ouvir em 2008:

For Against - Shade Side Sunny Side
O álbum que marca o regresso destes veteranos tornou-se a pouco e pouco como um discos que mais ouvi em 2008. A sonoridade anda na casa do pós-punk praticado por bandas como os The Sound e os Chameleons, sendo que o disco é tremendo, parecendo que o tempo não passou por estes senhores, e ainda bem.

Emerald Park - For Tomorrow
Da Suécia chega-nos um disco pop/rock de cariz alternativo a não perder. A qualidade deste álbum é tal que praticamente todas as faixas podiam ser singles, com as mesmas a formarem ao mesmo tempo um todo coeso que se torna irresistível perante as melodias contagiantes. Uma das maiores surpresas que tive este ano.

Au Revoir Borealis - Dark Enough For Stars
Este é um dos discos mais bonitos que tive o prazer de ouvir este ano, e que pauta por um ambiente entre o etéreo, o melancólico, e uma certa sensação campestre. A música é essencialmente calma, com toadas folk, e de uma delicadeza bucólica que nos faz estremecer em vários momentos.

BirdPen - On/Off/Safety/Danger
Um caso curioso este. É um disco pop/rock alternativo com várias nuances, que tanto o fazem funcionar de maneira excelente como jornada com princípio, meio e fim, como ao mesmo tempo muitas faixas ganham outro fôlego se forem ouvidas fora dele. Não sei que vos diga mais, mas não consigo parar de ouvir isto.

Resplandor – Pleamar
Originária do Peru, esta banda foi outra daquelas descobertas por mero acaso que me deixou boquiaberto. Praticantes de uma sonoridade shoegaze que lembra uns Slowdive e Chapterhouse por exemplo, têm neste disco um dos conjuntos iniciais mais brutais do ano, com três faixas de seguida fortíssimas, sem falar no resto claro.

Frightened Rabbit - The Midnight Organ Fight
Para quem gosta de rock indie, o álbum destes escoceses é um dos discos mais estimulantes que podem ouvir este ano. O tema central de muitos dos temas é o das relações amorosas, e a maneira como as histórias são contadas, e cantadas, pelo vocalista, é apenas um dos destaques.

El Columpio Asesino - La Gallina
Aqui temos outro exemplo daquelas surpresas que nos aparecem do nada através do myspace. O terceiro álbum desta banda espanhola é impressionante e do melhor que pude ouvir em termos de pop/rock de cariz independente, com muitos dos temas a ficarem entranhados na nossa cabeça sem darmos por isso.

Dark Captain Light Captain - Miracle Kicker
Donos de uma melancolia folk/rock peculiar, os Dark Captain Light Captain apresentam aqui um conjunto de temas de peso, mesmo que aparentem ser meio similares entre si a início. Este é um daqueles discos que podemos dizer que me apaixonei por ele à primeira audição e cada vez mais o considero deveras especial.

M83 - Saturdays = Youth
Os M83 continuam no seu percurso revivalista dos anos 80/90 e com excelentes resultados mais uma vez, com este álbum a conter momentos pop/rock deliciosos que tanto dão para a introspecção como para celebramos a vida ou abanarmos o corpo languidamente. Encontram por aqui alguns dos temas mais fortes do ano.

Portishead - Third
A início estranha-se, depois entranha-se. O cliché é total, mas é precisamente nisso que se resume a minha experiencia com o terceiro álbum dos Portishead, em que quanto mais ouço mais gosto dele, tendo algumas das faixas que mais me fazem arrepiar e pensar em 2008, tal como já me tinha acontecido anteriormente.

The Search - Saturnine Songs
Oriundos da Suécia, os the Search já não são novatos nestas andanças, mas só agora mostram parte do potencial que se vinha vislumbrando nos álbuns anteriores. Com uma sonoridade new wave a fazer lembrar uns The Cure, The Mary Onettes, Jeniferever, entre outros, oferecem aqui um disco acessível e viciante.

Electric President - Sleep Well
Pensava eu que este projecto tinha acabado quando dou por mim com o lançamento de um novo disco do mesmo. Este é um disco pop/rock/folk indie bastante calmo (salvo raras excepções), que tem na voz frágil do vocalista e nas melodias pouco convencionais um dos seus atractivos.

Girls in Hawaii - Plan Your Escape
Da Bélgica chega-nos outro disco que me apanhou de surpresa e mais um filiado na escola pop/rock de cariz alternativo, se bem que aqui alguns temas até me fizeram lembrar a jovialidade de uns Beach Boys, à mistura com outros que pautam por mudanças radicais de sonoridades a meio dos temas.

I Hate This Place - Our Hearts Still Beating
Fazendo lembrar uns Postal Service ou The Go Find a espaços, este projecto de um só membro é uma das minhas apostas pessoais, onde as melodias pop assentes na electrónica suave e na voz delicada do vocalista criam um ambiente meio inocente, mas que nos fazem sonhar e dançar consoante os temas.

Ticon - 2AM
E agora para algo um pouco diferente, temos o mais recente álbum deste projecto sueco que anda pelos terrenos do electro, techno, trance ou new wave, só para dar uns exemplos da fusão que podem contar neste disco, sendo essa mistura a razão que o torna tão aliciante como abrangente em termos de público alvo.

Sea Dweller - Underwater Town EP
Tem apenas quatro temas este EP, e mesmo assim faz parte das minhas escolhas pessoais para este ano. O porquê? A qualidade do mesmo e a presença de dois temas que considero essenciais, nomeadamente ‘Every Inch’ e ‘She Whispers’, filiados na escola shoegaze de uns Ride, Chapterhouse, ou Swervedriver, entre outros.

Lulu Rouge - Bless You
Um dos meus grandes vícios, este disco filiado em algumas vertentes electrónicas como dub, electro ou trip-hop, consegue ser contagiante. Parte disto vem da maneira como alguns temas são construídos, indo num crescendo lento entre o êxtase e o hipnótico difícil de descrever. Só ouvindo, e sentindo.

The Helio Sequence - Keep Your Eyes Ahead
Após um interregno para tratar das cordas vocais do vocalista, este duo regressou com um álbum rock indie eficaz que fez por aqui um certo click em inúmeras ocasiões, onde a faixa título é apenas um dos seus pontos altos. Este disco tanto tem algo de festivo como uma mensagem que nos diz que há que seguir em frente.

School of Seven Bells - Alpinisms
O álbum de estreia deste projecto, apesar de recomendável, tem um ligeiro gosto a desilusão. Tudo porque o nível elevado de faixas como ‘Half Asleep’, ou ‘Chain’, que foram dadas a conhecer antes pela Internet, não é mantido ao longo de todo o registo. Mais um caso que demora até descobrirmos os seus encantos.

Elika - Trying Got Us Nowhere
Este mini álbum é quase perfeito, numa onda pop/rock alternativa muito agridoce, sentindo-se a necessidade de ultrapassarmos momentos difíceis nas palavras da vocalista e na maneira como certas faixas explodem ou se deixam cair numa melancolia por tempos que já lá vão. Outra aposta muito pessoal esta.

July Skies - The Weather Clock
Intimismo é a palavra-chave ao ouvirmos este disco belo e tão delicado como é o dos July Skies, que nos conquista a pouco e pouco, sendo ideal para ouvirmos no conforto do lar e para nos deixarmos ir com as suas melodias calmas, que nos contam as mais diversas histórias ao longo do álbum.

Extrawelt - Schone Neue Extrawelt
E voltemos agora a ondas mais electrónicas, com este registo electro/techno minimal a apanhar-me de surpresa pela sua coesão, assim como pela viagem muito orgânica que nos propicia do início ao fim, apesar de se poder tornar algo repetitivo a médio prazo, o que acaba por ser deveras inerente ao género diga-se de passagem.

Kyte - Two Sparks, Two Stars EP
Em menos de meia hora encontram aqui alguns momentos deliciosos. Esta banda aposta numa sonoridade pop/rock algo intimista, onde os crescendos das faixas e os arranjos das mesmas transportam o ouvinte com a música. A versão incluída neste EP para a ‘Solsbury Hill’ do Peter Gabriel é no mínimo curiosa.

Seagull - Goodbye Weather
Outra enorme surpresa, e que ainda estou a digerir diga-se, foi este registo folk/rock que em 45 minutos deixou-me algo estupefacto com a beleza dele em muitos momentos, assim como o pouco convencional de muitas das faixas e para a sonoridade da guitarra em várias delas, com destaque para a beleza do tema ‘Dust Storm’.

Christian Rainer - Turn Love To Hate
Com uma voz soturna a fazer lembrar um Nick Cave ou uns Tindersticks, existe algo de muito cinemático neste registo, apesar de parecer que já ouvimos isto em algum lado. Mesmo assim, é um álbum que contém diversos momentos a não perder, incluindo alguns instrumentais de arrepiar.

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Fiquem agora com a lista de algumas das músicas que mais me viciaram em 2008 (carregar no player para ver/ouvir)

Os concertos/live acts que mais gostei em 2008

Portishead @ Coliseu (Lisboa)
The National @ Aula Magna (Lisboa)
Mercury Rev @ Aula Magna (Lisboa)
Ticon @ Domus (Lisboa)
Trentemoller @ Festival Beat It (Porto)
The Mary Onettes @ Music Box (Lisboa)
Dusty Kid @ Festival Beat It (Porto)
Etienne De Crécy @ Festival Beat It (Porto)
Shout Out Louds @ Aula Magna (Lisboa)

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Sobre Nuno 'Azelpds' Almeida

Tem formação em multimédia, fotografia e jornalismo. Mas mais do que isso, tem mundos na cabeça e caleidoscópios de actividade criativa.

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