"Tenho 16 anos, 1m e 70, 55kg e não quero. De cada vez que olho para a televisão só penso como gostava de ser mais velha, ter uma beleza decente e um corpo bem mais magro. Nem precisava de ser como os das modelos das passerelles, só mesmo como o das actrizes e das pessoas que vejo todos os dias quando saio à noite.
Nunca estou satisfeita com o meu aspecto, nem mesmo com a maquilhagem carregada que me faz sempre parecer que tenho 21 anos para cima. Mas desde que me faça parecer minimamente apetecível já é meio caminho andado. Entre os bicos que gosto de fazer numa parede qualquer enquanto fumo um cigarro ao mesmo tempo, e o descartar compulsivo de gajos, há algo de apaixonante nesta despersonalização da sexualidade, que me faz sentir mais madura e adulta. Adoro a sensação confesso.
Nada no que visto e uso está lá ao acaso, nem mesmo o aparente desleixo de quem parece que não quer saber, porque a verdade é que quero, e muito. São esquemas e manhas que aprendemos com o tempo, que nos fazem sentir vivas, que partilhamos e aprendemos umas com as outras. A maneira como ando, como divido entre as camisolas mais largas e os tops mais apertados com decotes que mostram mais do que realmente tenho, a maneira como olho para a minha próxima presa, está tudo ali, num plano maior, e tudo faz plenamente sentido.
Só se vive uma vez, e eu quero vive-la ao máximo, sem barreiras, imposições e pensamentos retrógrados típicos de gerações passadas. Que sabem eles dos meus problemas, do que passo no dia-a-dia, das pressões de ser aceite?
Fazem lá ideia do que é olharem para mim de lado, de alto a baixo e rirem-se do que visto, da minha cara de miúda. A minha irmã mais velha tem 27 e quer parecer mais nova. Não a percebo.
A escola é uma seca, não se aprende nada de útil e os meus dias de semana são passados em estado de ansiedade até que chegue o próximo fim-de-semana, festa ou encontro com as minhas amigas. Adoro falar com elas, comentar sobre as aventuras que tive, escutar as delas, onde analisamos as performances dos rapazes e rimo-nos com o que já fizemos, ao mesmo tempo que comparamos roupas e mostramos as novas aquisições, grande parte compradas na hora e contidas dentro daqueles sacos de cartão tão fashion e chiques, típicos das lojas que estão a dar e mais em voga.
*suspiro*
Mal vejo a hora de sair de casa, o mundo está à minha espera e eu estou pronta para ele."
Nuno Almeida, Lugares Comuns
2008, Textos Soltos
boomp3.com
Nunca estou satisfeita com o meu aspecto, nem mesmo com a maquilhagem carregada que me faz sempre parecer que tenho 21 anos para cima. Mas desde que me faça parecer minimamente apetecível já é meio caminho andado. Entre os bicos que gosto de fazer numa parede qualquer enquanto fumo um cigarro ao mesmo tempo, e o descartar compulsivo de gajos, há algo de apaixonante nesta despersonalização da sexualidade, que me faz sentir mais madura e adulta. Adoro a sensação confesso.
Nada no que visto e uso está lá ao acaso, nem mesmo o aparente desleixo de quem parece que não quer saber, porque a verdade é que quero, e muito. São esquemas e manhas que aprendemos com o tempo, que nos fazem sentir vivas, que partilhamos e aprendemos umas com as outras. A maneira como ando, como divido entre as camisolas mais largas e os tops mais apertados com decotes que mostram mais do que realmente tenho, a maneira como olho para a minha próxima presa, está tudo ali, num plano maior, e tudo faz plenamente sentido.
Só se vive uma vez, e eu quero vive-la ao máximo, sem barreiras, imposições e pensamentos retrógrados típicos de gerações passadas. Que sabem eles dos meus problemas, do que passo no dia-a-dia, das pressões de ser aceite?
Fazem lá ideia do que é olharem para mim de lado, de alto a baixo e rirem-se do que visto, da minha cara de miúda. A minha irmã mais velha tem 27 e quer parecer mais nova. Não a percebo.
A escola é uma seca, não se aprende nada de útil e os meus dias de semana são passados em estado de ansiedade até que chegue o próximo fim-de-semana, festa ou encontro com as minhas amigas. Adoro falar com elas, comentar sobre as aventuras que tive, escutar as delas, onde analisamos as performances dos rapazes e rimo-nos com o que já fizemos, ao mesmo tempo que comparamos roupas e mostramos as novas aquisições, grande parte compradas na hora e contidas dentro daqueles sacos de cartão tão fashion e chiques, típicos das lojas que estão a dar e mais em voga.
*suspiro*
Mal vejo a hora de sair de casa, o mundo está à minha espera e eu estou pronta para ele."
Nuno Almeida, Lugares Comuns
2008, Textos Soltos
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4 comentar
Click here for comentar;) Depois do post anterior este deu mesmo para descomprimir um bocado! :)
ReplyGajas pah... ou melhor, miúdas.. ;)
Tá fixe!
Isto é que é hem??
A maratona da escrita! :)
Continua!!
**
thx heheh e hmm ya, isto é bem capaz de estar a entrar na tal fase de overdose a nível de escrita. ;)
ReplyNada como passarmos do drama de antes para a corrosão logo de seguida. :p
Água e Vinho...
ReplyEste texto está forte, e um pouco impróprio para criancinhas...poisé, deverias tê-lo publicado depois da meia noite, para não ferires susceptibilidades! :)
Estou a brincaaaaar!
:p
ReplyDeixa lá, as tais criancinhas hoje em dia são mais hardcores que nós. ;)
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