Hashisheen - The End of Law (1999)

01. First Reading
02. The Old Man of the Mountain
03. The Western Lands
04. The Spilled Cup
05. Marco Polo's Tale
06. Pilgrimage to Cairo
07. Freya Stark at Alamut
08. Castles
09. Hashish Poem
10. Sinan's Post
11. Assassinations
12. The Mongols Destroy Alamut
13. The Divine Self
14. Morning High
15. A Quick Trip to Alamut
16. Slogans
17. Book of the Highest Initiation
18. The Lord of the Resurrection
19. Assassinations 2
20. Tale of the Caliph Hakem
21. The Assassins
22. Last Reading


Derivado da colaboração com os Golden Palominos no álbum Dead Inside, desenvolvi há uns anos uma obsessão pelo trabalho da artista de spoken word Nicole Blackman. Isso levou-me não só a assistir a uma performance sua na cidade do Porto, como também a coleccionar outras colaborações. Se Dead Inside continua a ser um marco por ser um trabalho completo, único e intrinsecamente ligado à sua pessoa, há a destacar também a sua participação em álbuns como Liquid dos Recoil e este The End of the Law. Aliás, podemos até dizer que os três trabalhos formam como que uma espécie de trilogia para os amantes da palavra, de atmosferas soturnas e sombrias em que a poesia é um maestro imbuído de infinitas possibilidades.

A premissa deste projecto e disco é absolutamente bizarra. Leituras de textos e mitos relacionados com uma seita terrorista persa de nome The Assassins. Se a palavra está a cargo de vários convidados ilustres como a referida Nicole Blackman, William S. Burroughs, Anne Clark, Iggy Pop, Patti Smith, Ira Cohen ou Genesis P. Orridge, entre outros, o acompanhamento musical não lhe fica atrás. Jah Wobble, Eyeless in Gaza, Sussan Neyhim, o grande mentor do projecto Bill Laswell, Anton Fier, Nicky Skopelitis...
Os desertos estão à beira da nossa casa, as palavras são ditas com entoações peculiares, os arrepios misturam-se com os olhares incrédulos de não sabermos o que se está aqui a passar.
Embarcar na viagem deste disco é estarmos dispostos a imergir num ambiente alucinado que não nos dá descanso do princípio ao fim e não será por mero acaso que uma certa droga seja mencionada no mito e lenda da seita, assim como no próprio nome deste projecto e em alguns textos. A música acelera e abranda, remete-nos para imagens de uma quantidade de areia que se perde no horizonte. Os desertos estão à beira da nossa casa, as palavras são ditas com entoações peculiares, os arrepios misturam-se com os olhares incrédulos de não sabermos o que se está aqui a passar. «Nada é verdade e tudo é permitido», diz-nos a voz particular de Genesis P. Orridge a dada altura.

E porquê falar deste disco só agora? Se parte da colaboração de William S. Burroughs pôde ser ouvida há dois anos num certo vídeo promocional para o bar Ogâmico, certo é que encontrá-lo é outra conversa. Acabou por ser o acaso recente de uma rua de Paris que acabou por ditar este reencontro e, desde então, a vontade de escrever sobre mais este segredo obscuro. Escusado será dizer que tanto este disco como Dead Inside e Liquid marcam presença constante em certas coisas, ou que não saem das malas que me acompanham nas noites de música por exemplo. A não perder para os amantes de spoken word e de experiências um pouco diferentes.

Músicas a destacar: The Western Lands, The Old Man of the Mountain, Sinan's Boat, The Divine Self, Tale of the Caliph Hakem