A fisicalidade das coisas


No seguimento da minha publicação anterior, em que divulguei uma nova iniciativa pessoal que consiste na venda de postais com fotografias e textos inéditos da minha autoria, este artigo acaba por ser uma reflexão posterior sobre os primeiros resultados.

Actualmente, a primeira remessa desses postais encontra-se praticamente esgotada. Sim, leram bem. E não foi através da divulgação online que fiz aqui ou no Facebook por exemplo, mas no terreno, com a maioria das vendas a surgir num local insuspeito, que ninguém poderia adivinhar e frequentado por público que, à partida, não seria o mais óbvio no que toca a Fotografia e Literatura. Isto diz-nos não só que a Internet, mais uma vez, não é ainda grande plataforma que garanta resultados visíveis para certas iniciativas apesar do seu potencial de divulgação, como também nos confirma, novamente, que há coisas que só funcionam quando as conseguimos mostrar ao vivo. E no caso dos postais, como já afirmei algumas vezes, é muito diferente tê-los na mão, sentir o papel, olhar para as fotografias na frente e ler os textos atrás que até incluem um logótipo da minha autoria relacionado com este blogue. O impacto é inegável sempre que tenho a oportunidade de os mostrar ao vivo, seja onde for.

...há coisas que só funcionam quando as conseguimos mostrar ao vivo.
Recentemente, após os preparativos para a exposição de fotografia que ocorreu em Outubro na Embaixada da Hungria, em Lisboa, quando defrontadas com as impressões em grande formato dentro de molduras a condizer com passe-partout, vimos pessoas com vontade de as adquirir ou de as ter numa parede quase de imediato. Essas mesmas fotografias, quando apreciadas num ecrã, ficam-se normalmente por um comentário ou um gosto numa rede social, com sorte, para serem esquecidas logo de seguida. Não é, definitivamente, a mesma coisa e este é um dos grandes desafios da era em que vivemos ou da Internet, especialmente no domínio das pequenas comunidades e negócios. A construção dessa confiança ou de como conseguir levar o público a perceber a grande diferença de ter algo palpável nas suas mãos, ou da importância de sentir na pele, ao vivo, com o corpo, a música que nos faz mexer por dentro e por fora por exemplo.


Quanto vale um objecto físico, uma fotografia, um texto, um livro, um...? Boa pergunta. É impossível quantificarmos algo de tão relativo que é, mas continuo a apostar na acessibilidade, na partilha, na vontade de que as coisas cheguem às pessoas. Mesmo que a luta seja ingrata e nos possamos sentir sozinhos nesta demanda, como que invisíveis, isso não pode afectar a continuidade dos sonhos. Os próximos capítulos destas iniciativas já estão escritos, mas isso fica para outra altura.