Uma visão poética na Embaixada da Hungria: Impressões


Ontem, dia 22 de Outubro, no magnífico edifício da Embaixada da Hungria em Lisboa, celebrou-se o Dia Nacional da Hungria e o 59º aniversário da Revolução e Luta pela Liberdade de 1956. Como anunciei na 4ª Feira, uma pequena mostra, em formato exposição, do meu projecto fotográfico ‘Hungria: Uma visão poética’ seria uma das iniciativas associadas a este momento.


O nervoso miudinho era evidente, a excitação, apesar de mais disfarçada, também. Um modo de estar na vida quase criança, de sentir na pele tudo o que se faz como se fosse a primeira vez. Muitos convidados, as várias salas do edifício cheias. Alguns reencontros com pessoas que já não víamos há algum tempo, música tocada ao piano durante todo o evento.


Antes das conversas e momentos relacionados com a exposição, o ponto alto desta noite estaria na comunicação efectuada pela Sra. Embaixadora da Hungria, Breuer Klàra. Em três línguas, Português, Inglês e Húngaro, falou de iniciativas e parcerias, da Revolução de 1956, do que sucedeu, do número de pessoas que tiveram de fugir do país e agradeceu a todos os que acolheram e integraram o povo húngaro nessa altura. Isto levou, pouco depois, quem sabe surpreendendo alguns dos presentes tendo em conta a conotação da Hungria na imprensa nos últimos tempos e que isso poderia levar a não se tocar em certas matérias delicadas, a falar um pouco sobre a actual crise de refugiados, de possíveis soluções e a expressar total abertura a quem quisesse discutir o assunto com a Embaixada. Vitalidade, garra, coragem. Sorri.


Após os procedimentos iniciais, estava dado o mote para se poder, entre outras coisas, visitar a exposição de fotografia. As reacções, tal como já tinha sucedido em Budapeste, foram muito positivas e com momentos especiais. Para esta ocasião, não seria possível ter textos a acompanhar as fotografias, como tal seriam as imagens (grande parte delas inéditas) a ter todo o protagonismo e jamais me irei esquecer, por exemplo, do rapaz que trocou umas palavras comigo e que ao olhar para esta exposição me disse que sentiu, pela primeira vez, o que nós denominamos como saudade. E depois disso passou a descrever, para exemplificar, quatro momentos que associou a quatro das fotografias, de diferentes momentos da sua vida na Hungria, que sentia estarem ali representados. Maravilhoso.


Outras fotografias, já velhas conhecidas como a da senhora a deliciar-se com o sol ou da senhora do cão e das botinhas, revelaram-se novamente um sucesso, independentemente da nacionalidade de quem as via ou comentava. A zona da aldeia de Pázmánd, na Hungria, representada nesta noite por uma fotografia de um campo de girassóis, revelou-se um mistério para muitos dos presentes e menos conhecida do que eu pensava, o que augura um bom futuro para quando escrever e mostrar um pouco mais sobre ela. Noutros casos, no meio do entusiasmo visível, trocaram-se imensas palavras e dicas de outros locais na Hungria para eu visitar e tirar fotografias, ou até de locais em Portugal para apresentar esta exposição. Curiosamente, as perguntas mais técnicas sobre as fotografias foram de pessoas que estudaram em áreas ligadas às artes como o Cinema ou Belas Artes por exemplo, o que não deixa de ser normal tendo em conta a estética das imagens, que parecem ter o dom de intrigar e de remeter para registos perdidos no tempo.


Foi um evento, no geral, fantástico, com um ambiente positivo. Resta-nos agradecer, uma vez mais, o convite e toda a ajuda e simpatia por parte da equipa da Embaixada.