"Continuidades, mudança, tens uma estranha forma de andar, sapatos de boneca, escuros por fora, brancos por dentro, um número abaixo do recomendado para a formosura dos teus pés. Pedes para te deixarem sozinha, tens algo para vestir e precisas de falar contigo ao espelho.
Um pente, colocado na mesma posição todas as noites, de tons azulados, encontra-se ao teu lado e estabelece um diálogo ritual com o teu cabelo, o mesmo descaindo sobre as costas na cadência dos teus braços, é bonito de se ver, em movimentos lentos, de uma sensualidade natural.
Pele branca, procuras desordens fixamente em partes de ti, mão esquerda no peito a sentir o enrijecer, és agora o centro do mundo, sinto-te longe.
Não é tão bom? Perguntas-me, abrindo a porta do quarto. Não é tão bom ter passado pouco mais do que 30 minutos comigo própria e já não fazeres a mínima ideia do que podes contar, do que sou?
Impávido, aceno afirmativamente, tentando balbuciar algo que fizesse justiça a tal questão. É, respondo finalmente.
Vem, eu não mordo, pelo menos das primeiras vezes, sabes bem disso, só tens de ser tu e o resto seguirá o seu percurso natural, agora cala-te e dá-te, no mercúrio destes recantos, de soalhos com tábuas soltas e livros valorizados pelo pó das idades, à margem de intelectualismos e racionalizações. É bom, sim."
Um pente, colocado na mesma posição todas as noites, de tons azulados, encontra-se ao teu lado e estabelece um diálogo ritual com o teu cabelo, o mesmo descaindo sobre as costas na cadência dos teus braços, é bonito de se ver, em movimentos lentos, de uma sensualidade natural.
Pele branca, procuras desordens fixamente em partes de ti, mão esquerda no peito a sentir o enrijecer, és agora o centro do mundo, sinto-te longe.
Não é tão bom? Perguntas-me, abrindo a porta do quarto. Não é tão bom ter passado pouco mais do que 30 minutos comigo própria e já não fazeres a mínima ideia do que podes contar, do que sou?
Impávido, aceno afirmativamente, tentando balbuciar algo que fizesse justiça a tal questão. É, respondo finalmente.
Vem, eu não mordo, pelo menos das primeiras vezes, sabes bem disso, só tens de ser tu e o resto seguirá o seu percurso natural, agora cala-te e dá-te, no mercúrio destes recantos, de soalhos com tábuas soltas e livros valorizados pelo pó das idades, à margem de intelectualismos e racionalizações. É bom, sim."
#61 You like it when it's too much
Playlist:
01. Noah and the Whale - Blue Skies
02. Light Pollution - Good Feelings
03. Casper Bangs - Skylark
04. Scenic Square - I Don't Want To Go
05. Degrees - Can't Walk Thru This Alone
06. Paragraph - Powernap
07. The Juan Maclean - Feel So Good
08. Antix - Free As We Are
09. Little Beirut - Sniper's Lament
10. HEALTH - USA Boys
11. Depeche Mode - Only When I Lose Myself
12. Future Conditional - Your Love Leaves Me Colder
13. The Tear Garden - Lament
14. Plastic Operator - Why Don't You?
Tem formação em multimédia, fotografia e jornalismo. Mas mais do que isso, tem mundos na cabeça e caleidoscópios de actividade criativa.
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