Existem alturas na vida um pouco estranhas, quem sabe curiosas até, em que nos dá para rever algo uns anos depois, noutra perspectiva, de outra maneira e em alturas um pouco diferentes das nossas vidas. A mim deu-me para voltar ao universo desta série de culto, que passava no canal 2 e que é uma das melhores séries de televisão de sempre. Pelo menos para mim claro.
Desta vez, invés de aguardar pelo começo de cada temporada, como era necessário há uns anos atrás, e já que tinha essa possibilidade, decidi embarcar numa maratona imprópria para cardíacos e rever de seguida as 5 temporadas da série, do início ao fim. Mais de 60 horas depois, a overdose de emoções chegou a ameaçar efeitos secundários nefastos tal a carga depressiva de muitos momentos da série. Mas no final desta aventura, o que ficou foi o sorriso banhado com o sal das lágrimas que são impossíveis de controlar após o último episódio, com destaque para os cinco minutos finais, de uma intensidade impressionante. A simplicidade das imagens, com a música, faz qualquer pessoa ficar estática a olhar para a televisão e com a nítida sensação de que acabou de assistir a algo de muito especial.
Criada por Alan Ball (American Beauty), Six Feet Under relata a vida de uma família pouco convencional, cujo sustento provém da agência funerária que possui. É aqui que decorrem muitos dos momentos da série. Grande parte dos episódios começam com a morte de alguém e mostram a forma como isso aconteceu, com várias a serem absolutamente surreais, o que ajuda a equilibrar com outras mais sérias e chocantes.
Six Feet Under aborda diversos assuntos sérios de uma maneira que ainda hoje é rara de se ver, nem que seja pela naturalidade com que tudo acontece, o que nos leva a ponderar, a dada altura, se aquelas personagens não podiam ser nossas conhecidas. Com tudo o que elas passam, e após cinco anos, é como se fizessem parte das nossas vidas. Impressionante e muito difícil de explicar por palavras.
Os Fisher são a família retratada na série. Ela é formada, primordialmente, pela mãe Ruth e pelos filhos Nate, David e Claire, apesar de outros elementos surgirem em certos momentos e episódios. Com o tempo mais personagens tomam conta das atenções, especialmente as ligadas aos relacionamentos amorosos dos Fisher. Neste campo um dos temas abordados é a homossexualidade de David e a sua relação com Keith, que formam um casal peculiar e com uma dinâmica digna de se ver, assim como Nate e Brenda, que têm entre ambos, inicialmente, uma faísca enorme e uma dinâmica bastante destrutiva em diversos aspectos, mas isto seria estar a simplificar bastante toda a série. No fundo é a jornada de todas as personagens, a sua evolução ao longo da vida, os dramas, os choques, as alturas em que vemos o que elas estão a pensar através de imagens e momentos repentinos alucinados, entre outros, que vão fazendo com que fiquemos agarrados à televisão.
Dizer que acho a série perfeita seria estar a mentir. É complicado manter uma qualidade elevada ao longo de tantos episódios. No que me toca, a transição após as duas primeiras temporadas, que são muito boas, foi difícil. O final da segunda foi de ficar de boca aberta e coração na mão, e depois o que nos dão na terceira deixa mesmo muito a desejar, uma espécie de realidade alternativa bem chata, em que algumas personagens se tornam um quanto vazias e sem sal. Felizmente as coisas melhoram outra vez com o tempo e após assistirmos aos últimos episódios da última temporada tudo se perdoa ao pensarmos em tudo o que se passou até aí.
Nota grande de destaque para o trabalho dos actores, que é fenomenal em muitas das cenas. Não será fácil deixar de associar o trabalho deles a estas personagens no futuro, como já me aconteceu ao ver a série Dexter, cuja personagem principal é interpretada por Michael C. Hall, que faz de David Fisher em Six Feet Under. A banda sonora também merece ser frisada, com certas músicas a servirem para aumentar ainda mais o impacto de certos momentos. O uso da faixa 'Lucky' dos Radiohead, a 'All Apologies' dos Nirvana ou a 'Cold Wind' dos Arcade Fire só para citar alguns exemplos, se bem que o caso mais marcante será mesmo a 'Breath Me' de Sia no final da série, num dos melhores momentos a que já assisti a nível de televisão.
Uma série excelente, com uma premissa original, que nos faz pensar, e a não perder para quem ainda não a tenha visto.
Desta vez, invés de aguardar pelo começo de cada temporada, como era necessário há uns anos atrás, e já que tinha essa possibilidade, decidi embarcar numa maratona imprópria para cardíacos e rever de seguida as 5 temporadas da série, do início ao fim. Mais de 60 horas depois, a overdose de emoções chegou a ameaçar efeitos secundários nefastos tal a carga depressiva de muitos momentos da série. Mas no final desta aventura, o que ficou foi o sorriso banhado com o sal das lágrimas que são impossíveis de controlar após o último episódio, com destaque para os cinco minutos finais, de uma intensidade impressionante. A simplicidade das imagens, com a música, faz qualquer pessoa ficar estática a olhar para a televisão e com a nítida sensação de que acabou de assistir a algo de muito especial.
Criada por Alan Ball (American Beauty), Six Feet Under relata a vida de uma família pouco convencional, cujo sustento provém da agência funerária que possui. É aqui que decorrem muitos dos momentos da série. Grande parte dos episódios começam com a morte de alguém e mostram a forma como isso aconteceu, com várias a serem absolutamente surreais, o que ajuda a equilibrar com outras mais sérias e chocantes.
Six Feet Under aborda diversos assuntos sérios de uma maneira que ainda hoje é rara de se ver, nem que seja pela naturalidade com que tudo acontece, o que nos leva a ponderar, a dada altura, se aquelas personagens não podiam ser nossas conhecidas. Com tudo o que elas passam, e após cinco anos, é como se fizessem parte das nossas vidas. Impressionante e muito difícil de explicar por palavras.
Os Fisher são a família retratada na série. Ela é formada, primordialmente, pela mãe Ruth e pelos filhos Nate, David e Claire, apesar de outros elementos surgirem em certos momentos e episódios. Com o tempo mais personagens tomam conta das atenções, especialmente as ligadas aos relacionamentos amorosos dos Fisher. Neste campo um dos temas abordados é a homossexualidade de David e a sua relação com Keith, que formam um casal peculiar e com uma dinâmica digna de se ver, assim como Nate e Brenda, que têm entre ambos, inicialmente, uma faísca enorme e uma dinâmica bastante destrutiva em diversos aspectos, mas isto seria estar a simplificar bastante toda a série. No fundo é a jornada de todas as personagens, a sua evolução ao longo da vida, os dramas, os choques, as alturas em que vemos o que elas estão a pensar através de imagens e momentos repentinos alucinados, entre outros, que vão fazendo com que fiquemos agarrados à televisão.
Dizer que acho a série perfeita seria estar a mentir. É complicado manter uma qualidade elevada ao longo de tantos episódios. No que me toca, a transição após as duas primeiras temporadas, que são muito boas, foi difícil. O final da segunda foi de ficar de boca aberta e coração na mão, e depois o que nos dão na terceira deixa mesmo muito a desejar, uma espécie de realidade alternativa bem chata, em que algumas personagens se tornam um quanto vazias e sem sal. Felizmente as coisas melhoram outra vez com o tempo e após assistirmos aos últimos episódios da última temporada tudo se perdoa ao pensarmos em tudo o que se passou até aí.
Nota grande de destaque para o trabalho dos actores, que é fenomenal em muitas das cenas. Não será fácil deixar de associar o trabalho deles a estas personagens no futuro, como já me aconteceu ao ver a série Dexter, cuja personagem principal é interpretada por Michael C. Hall, que faz de David Fisher em Six Feet Under. A banda sonora também merece ser frisada, com certas músicas a servirem para aumentar ainda mais o impacto de certos momentos. O uso da faixa 'Lucky' dos Radiohead, a 'All Apologies' dos Nirvana ou a 'Cold Wind' dos Arcade Fire só para citar alguns exemplos, se bem que o caso mais marcante será mesmo a 'Breath Me' de Sia no final da série, num dos melhores momentos a que já assisti a nível de televisão.
Uma série excelente, com uma premissa original, que nos faz pensar, e a não perder para quem ainda não a tenha visto.
10 comentar
Click here for comentarAzel,
ReplyLembro-me perfeitamente que ouvi a 'Cold wind' pela primeira vez nesta série, e que fiquei maravilhado com a música conjugada com as imagens.
Mas vou ter de concordar contigo quando dizes que o ponto alto é mesmo a 'Breathe me' da Sia... arrebatador! Que fenomenal que foi esse momento!
(E em breve eu mesmo escreverei sobre este aasunto!)
Um abraço,
G.
Hi e seja bem aparecido. :)
ReplyQuando dá a Cold Wind é demais, a Claire no autocarro a olhar pra janela, a sequência toda, mesmo wow, além da música em si claro.
Foi meio weird, ter-me dado para isto, ainda para mais sendo a série que é e tendo outras coisas para ver que nunca vi sequer, mas senti um impulso e resolvi fazer esta maratona. Incrivel é que mesmo revendo e já sabendo a história, as cenas etc, continua a marcar da mesma maneira. O final com a música da Sia continua a ser impressionante, é incrivel. Um dos melhores momentos de TV a que já assisti, e agora que penso nisso, o American Beauty também tinha uma sequência do estilo deveras curiosa, a do saco a voar.
Espero que esteja a correr tudo bem contigo aí em Inglaterra. :)
Olha só o que foste fazer!!! Agora fique com vontde de rever a série!!Na minha opinião, é sem dúvida uma das melhores séries que existe!Fabulástica!
ReplyAdoro,AMO a série, não perdia um episódio! sim, durante uns anos fui escrava da série, fazia tudo por tudo para não perder o episódio semanal!!
^_^
ReplyÉ muito curioso reveres a série assim de seguida, sem teres de esperar cada semana ou ano. Se puderes faz isso, parece que tudo ganha uma dimensão ainda maior, se bem que pode ser overdose tanto Six Feet Under de seguida. :p
Ainda ontem se falou nisso na noite no BB e algumas das reacções é que era maluco ahahah. :D
hehehe!! Maluco? Não acho nada! Pronto, a série não é a qualquer um, eles não entendem!!!
ReplyMaluco...ahahah!!!
É normal, tendo em conta o ambiente pesado e depressivo de muitas partes da série. :)
ReplyQuando tiver cabeça, acho que uma boa candidata para fazer outra maratona destas é a série 'Os Sopranos'. ;)
Bem, eu ADORAVA esta série, mas como as séries na tv é sempre aquela base, voltam para trás, depois deixam de dar e etc etc, eu acabei por perder o fim à meada ou a meada ao fim, bem, tu percebes.
ReplyMas tenho uma curiosidade imensa em ver o desenrolar da série ainda para mais depois de ter visto uma pequena parte do final da história, quando uma vez falavam da série num canal de tv.
POR ISSO, NÃO CONTEM!!!
Quanto ao que dizes de ser difícil desprendermo-nos das personagens que os actores aqui representam, também concordo contigo.
Já calhou ter visto uma série cómica onde entra a 'Claire' e acreditas que estive o tempo TODO à espera que de repente ela começasse a agir como Claire?? Mas não. Ela continuou a fazer o papel dela, com um nome diferente, uma atitude diferente e de cómica a série não tem nada para ser sincera.
Porém, ainda assim, há quem se consiga superar e extravasar as expectivas do público, como acontece com o 'Mulder', na série Californication!! (como é que ele se chama nesta série?? Esqueci-me!:p)
Está brutal.. que grande personagem!
E que nada tem a ver com o Fox Mulder e nem procuras sequer encontrar familiaridade com ele, apesar do Fox Mulder ter sido uma personagem com um peso enorme!
Estou a adorar a série! :)
Melhor do que alguma vez podia esperar, já que só ouvia falar e pelo nome não me puxava para ver, mas ya, rendi-me aos seus amargos encantos. :)
**
Californication é mais uma série de culto, das melhores actualmente. :) E tal como a Weeds, que é outra obrigatória, os episódios têm apenas 25 minutos invés da uma hora do costume, o que torna muito mais fácil fazer-se uma maratona apesar de individualmente cada episódio saber a pouco. Veremos o que acontece com mais estas personagens disfuncionais. :p
ReplyPS: A personagem que ele interpreta é Hank Moody salvo erro. :)
O que falas de Six Feet Under acho que aconteceu com muito boa gente, e ainda acontece com várias séries, em que se torna complicado a dada altura seguirmos as mesmas como deve ser. Muitas delas o impacto é tremendo se as virmos mais tarde tudo de seguida como resolvi fazer ao rever esta.
Alguns canais não darem as séries todas até ao fim também não ajuda. :(
Hank Moody, é isso! :)
ReplyEstava mesmo na ponta da língua! :)
[Já tens o novo episódio?]
**
Maybe. ;)
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