Paz

"Belezas ausentes e cores difusas, em que não é possível descortinar onde algo começa ou acaba, assim é esta imagem que não se vê.

Podemos cortar o ar, calar as palavras e fechar as janelas, mas isso de nada irá valer se existir vontade e necessidade de respirar, se existir impulso e determinação, se estes e outros ses passarem a ser verdades e certezas.

As folhas que observo marcam uma nova fase e os pensamentos que dai advêm uma outra vida, não necessariamente de alguém em particular, mas apenas de quem estiver ai para isso, na orla deste bosque e aglomerado de ramos, onde se encontra uma sensação de paz a todo o instante, em que paramos e nos aceitamos como somos.

Sorrio, com um olhar meio envergonhado, enquanto ouço sem pressas todos os barulhos e pormenores à minha volta, numa mistura de curiosidade, calma e vontade de absorver toda a informação possível. O som que os pássaros produzem soa-me agora diferente, as flores parecem-me mais bonitas que nunca e as pessoas aparentam ter hoje em dia asas sem tonalidades específicas. Acho que finalmente posso dizer que estou bem..."

Nuno Almeida, Lugares Comuns, 2008

boomp3.com

13 comentar

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07 julho, 2008 14:38 ×

Olha que engraçado... nem parece teu. Tão calminho e soft.. :)

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07 julho, 2008 21:20 ×

Este por acaso até é muito meu... digamos assim. ;)

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Sofia
admin
08 julho, 2008 02:01 ×

:) gostei, respira-se uma certa serenidade de quem está de bem com a vida, com vontade de celebrar e brindar com sorrisos o mundo em volta.

Gostei dos Italianos também, não conhecia ;)

As asas sem tonalidades definidas é que me deixam um bocadinho assim... explica-me o sentido, please?
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08 julho, 2008 14:55 ×

Os italianos foram mais uma daquelas descobertas recentes que bateu forte, adoro esta música. :)

Quanto ao texto, ya, é mesmo isso. E a questão dos anjos tem um pouco a ver como vejo cada pessoa sem as conhecer, em que falo com qualquer uma na boa, sem pensar se são de sexo x ou y, ou se serão más, boas e por aí adiante. E mesmo depois de as conhecer isso não muda muito parece-me, devido a não afectarem certos caminhos. Enfim, complicado de explicar. :)

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Sofia
admin
09 julho, 2008 01:49 ×

Pois...

Humm... Descomplicando e entrando pelo racional senso comum, pode ser qualquer coisa como: as pessoas que vais encontrando e conhecendo "aparentam ter asas sem tonalidades específicas" porque não deixas que afectem o teu bem estar.

Isso é bom!

A confusão que me provocou foi por eu gostar de ver essas cores... ao reler-te fico sempre meio triste ao chegar a essa parte, mas isso sou eu e é a minha maneira, e acaba por ser uma tristeza "bonita", realça o afastamento da personagem em relação aos seus pares enquanto por outro lado enaltece a natureza em volta...

Podias ter deixado as cores de cada um e afirmar o estar de bem com a vida, mas por outro lado, isso tirava alguma força da mensagem subjacente...

Bem... já estou para aqui a argumentar comigo mesma AHAHAH!

Desculpa a análise asim tão exaustiva do tema, mas deixa-me que te diga que é um privilégio poder discutir contigo o que escreves :)
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09 julho, 2008 11:42 ×

Em certos aspectos, existem várias partes dos textos que poderiam ficar de fora ou não, mas como tenho tendencia a deixar sempre ficar o que me vem à cabeça na hora...;)

Talvez seja um pouco triste que um certo estar-se bem com a vida não envolva outras pessoas, por outro só é mesmo possível assim, quando nos aceitamos a nós próprios. O resto virá depois, eventualmente (muito gosto eu desta palavra...).

Quem sabe isto se possa confundir com uma espécie de insensibilidade, mesmo que não tenha nada a ver com isso claro, mas certo é que existiu aqui um processo contínuo de guardares coisas para dentro até que elas deixassem de te afectar de maneira significativa. Mas well, já estou a divagar novamente.

Thx novamente pelas palavras, e discussão, é sempre bom faze-lo. :)

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Sofia
admin
10 julho, 2008 00:39 ×

Não há confusão possível com insensibilidade, antes pelo contrário; também não acho nada triste o não envolver pessoas nesse estado de bliss - é uma opção de vida - cada um tem a sua e há que respeitar.

Só não partilho é a opinião que te leva a dizer que a aceitação de si próprio e o bem estar daí decorrente implica a exclusão dos outros. Para mim são coisas diferentes.
Esquematizando e pondo as coisas num sentido figurado:
a) aceito-me como sou
b) estou bem
1. excluir os outros ou não deixar que me afectem - já é uma opção e não implica que as duas alíneas anteriores não se assumam.

Se deixares de ver as cores das asas dos outros arriscas-te a viver encerrado numa redoma opaca, tipo casulo, onde a única preocupação será o teu umbigo!

(bolas que eu hoje estou cáustica!)

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10 julho, 2008 00:51 ×

O aceitarmos de vez como somos claro que não leva à exclusão das outras pessoas, pelo contrário. O que queria dizer era mais só depois de estarmos bem connosco próprios é que poderemos estar também com as outras pessoas. ;)

O deixar de ver as cores não é uma forma de rejeição, mas sim porque deixaram de ter cor mesmo. Acaba-se o cinzento, preto, branco, o ser-se homem, mulher e derivados, passando a ser anjos/pessoas "apenas". Quem sabe ver as coisas no seu estado mais básico e "puro".

Geralmente quem está virado para o umbigo não vê as asas sequer, pois está demasiado cego. :p

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Sofia
admin
10 julho, 2008 01:34 ×

Ok, ok, ok... fui eu então que interpretei mal as tuas palavras, sorry!

do estado 'puro' gostei! vês a essência e essa não tem cor, desse modo já percebo então.

O Leo acabou de aterrar ao meu lado e quer atenção... já agora, em que categoria é que pomos os gatos?

Sabes, por vezes há coisas tão nossas desde sempre que acabamos por considerá-las erradamente como um dado adquirido para os outros tb, eu sempre vi as pessoas dessa maneira que descreves - como 'pessoas' - independentemente do género, cor, etnia ou idade e os afectos distribuem-se assim também, sem condicionantes. não há muitos como nós...

ainda bem que existes ;)

A banda sonora da noite têm sido os Frightened Rabbit que agora pararam e estou acompanhada pelo maior ronronar que possas imaginar, com a minha mudança de hábitos este cavalheiro passou a ter lugar à secretária... tipo, se não podes convencê-la a ir para um sítio mais confortavel, junta-te a ela ... são mesmo criaturas divinas assim como são, não precisam de asas, pelo sedoso, narizito atrevido, bigodes compridos, orelhas de radar e olhos de carinho e patas de algodão
^_^

vou procurar som para adormecer, tens sugestão?

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10 julho, 2008 01:53 ×

Deixa lá, os meus problemas de expressão também não ajudam. ;)

Os gatos, tal como os animais em geral, vejo-os como puros e crianças ao mesmo tempo, em que crescem apenas um pouco mas não passam de certo estado depois. Enfim, são divinos heheh.

Voltando à temática das pessoas, anjos e asas, eu sempre fui vendo as pessoas assim também, o que pode levar às tais desilusões após se revelarem como são realmente, já que na hora nunca pensamos nisso. É uma das várias cenas no texto em que existe uma visão diferente, já que a personagem e pessoa só começou a ver as coisas assim após alcançar a tal paz, o que não é o meu caso por exemplo. :p

Talvez não existam muitos, mas vão existindo felizmente. :)

A nina está por aqui também, a ouvir música comigo. :p Parece um bébé autentico heheh. Bue vezes vou ter com ela para ela se encostar um pouco a mim antes de me deitar de vez.

Hmm, em relação a som nem sei. Além de revisitar o tal álbum dos Archive, hoje descobri por acaso uma outra cena nova chamada The Val Papadins. Not sure se será o melhor para adormecer, mas...;)

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Sofia
admin
10 julho, 2008 02:20 ×

Pois, The Val Papadins é para decobrir noutro dia, agora The Harlequin Party já é outra história... Hj adormeço a sonhar com as areias da California! Thx :)

Bons sonhos e um carinho especial para a Nina: mmmiiaaaaaaau ;)

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Lucia
admin
10 julho, 2008 18:44 ×

Belas palavras de introspecção. Também acredito que nós somos o ponto de partida para os outros, mas também acredito que há pessoas que são o ponto de partida para nós. Claro que não falo de todas as pessoas, mas aquelas que nos são especiais. Aí também reside uma certa paz.

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10 julho, 2008 19:55 ×

Verdade, as pessoas acabam por ter grande importancia na tua própria paz e a levar-te a chegar a certo estado. Muito eu aprendo com elas também, todos os dias. ;)

Mas as que nos são mais especiais realmente provocam uma sensação difícil de descrever. :)

Thx. :)

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