"Belezas ausentes e cores difusas, em que não é possível descortinar onde algo começa ou acaba, assim é esta imagem que não se vê.
Podemos cortar o ar, calar as palavras e fechar as janelas, mas isso de nada irá valer se existir vontade e necessidade de respirar, se existir impulso e determinação, se estes e outros ses passarem a ser verdades e certezas.
As folhas que observo marcam uma nova fase e os pensamentos que dai advêm uma outra vida, não necessariamente de alguém em particular, mas apenas de quem estiver ai para isso, na orla deste bosque e aglomerado de ramos, onde se encontra uma sensação de paz a todo o instante, em que paramos e nos aceitamos como somos.
Sorrio, com um olhar meio envergonhado, enquanto ouço sem pressas todos os barulhos e pormenores à minha volta, numa mistura de curiosidade, calma e vontade de absorver toda a informação possível. O som que os pássaros produzem soa-me agora diferente, as flores parecem-me mais bonitas que nunca e as pessoas aparentam ter hoje em dia asas sem tonalidades específicas. Acho que finalmente posso dizer que estou bem..."
Nuno Almeida, Lugares Comuns, 2008
boomp3.com
Podemos cortar o ar, calar as palavras e fechar as janelas, mas isso de nada irá valer se existir vontade e necessidade de respirar, se existir impulso e determinação, se estes e outros ses passarem a ser verdades e certezas.
As folhas que observo marcam uma nova fase e os pensamentos que dai advêm uma outra vida, não necessariamente de alguém em particular, mas apenas de quem estiver ai para isso, na orla deste bosque e aglomerado de ramos, onde se encontra uma sensação de paz a todo o instante, em que paramos e nos aceitamos como somos.
Sorrio, com um olhar meio envergonhado, enquanto ouço sem pressas todos os barulhos e pormenores à minha volta, numa mistura de curiosidade, calma e vontade de absorver toda a informação possível. O som que os pássaros produzem soa-me agora diferente, as flores parecem-me mais bonitas que nunca e as pessoas aparentam ter hoje em dia asas sem tonalidades específicas. Acho que finalmente posso dizer que estou bem..."
Nuno Almeida, Lugares Comuns, 2008
boomp3.com
13 comentar
Click here for comentarOlha que engraçado... nem parece teu. Tão calminho e soft.. :)
Reply**
Este por acaso até é muito meu... digamos assim. ;)
Reply:) gostei, respira-se uma certa serenidade de quem está de bem com a vida, com vontade de celebrar e brindar com sorrisos o mundo em volta.
ReplyGostei dos Italianos também, não conhecia ;)
As asas sem tonalidades definidas é que me deixam um bocadinho assim... explica-me o sentido, please?
§
Os italianos foram mais uma daquelas descobertas recentes que bateu forte, adoro esta música. :)
ReplyQuanto ao texto, ya, é mesmo isso. E a questão dos anjos tem um pouco a ver como vejo cada pessoa sem as conhecer, em que falo com qualquer uma na boa, sem pensar se são de sexo x ou y, ou se serão más, boas e por aí adiante. E mesmo depois de as conhecer isso não muda muito parece-me, devido a não afectarem certos caminhos. Enfim, complicado de explicar. :)
Pois...
ReplyHumm... Descomplicando e entrando pelo racional senso comum, pode ser qualquer coisa como: as pessoas que vais encontrando e conhecendo "aparentam ter asas sem tonalidades específicas" porque não deixas que afectem o teu bem estar.
Isso é bom!
A confusão que me provocou foi por eu gostar de ver essas cores... ao reler-te fico sempre meio triste ao chegar a essa parte, mas isso sou eu e é a minha maneira, e acaba por ser uma tristeza "bonita", realça o afastamento da personagem em relação aos seus pares enquanto por outro lado enaltece a natureza em volta...
Podias ter deixado as cores de cada um e afirmar o estar de bem com a vida, mas por outro lado, isso tirava alguma força da mensagem subjacente...
Bem... já estou para aqui a argumentar comigo mesma AHAHAH!
Desculpa a análise asim tão exaustiva do tema, mas deixa-me que te diga que é um privilégio poder discutir contigo o que escreves :)
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Em certos aspectos, existem várias partes dos textos que poderiam ficar de fora ou não, mas como tenho tendencia a deixar sempre ficar o que me vem à cabeça na hora...;)
ReplyTalvez seja um pouco triste que um certo estar-se bem com a vida não envolva outras pessoas, por outro só é mesmo possível assim, quando nos aceitamos a nós próprios. O resto virá depois, eventualmente (muito gosto eu desta palavra...).
Quem sabe isto se possa confundir com uma espécie de insensibilidade, mesmo que não tenha nada a ver com isso claro, mas certo é que existiu aqui um processo contínuo de guardares coisas para dentro até que elas deixassem de te afectar de maneira significativa. Mas well, já estou a divagar novamente.
Thx novamente pelas palavras, e discussão, é sempre bom faze-lo. :)
Não há confusão possível com insensibilidade, antes pelo contrário; também não acho nada triste o não envolver pessoas nesse estado de bliss - é uma opção de vida - cada um tem a sua e há que respeitar.
ReplySó não partilho é a opinião que te leva a dizer que a aceitação de si próprio e o bem estar daí decorrente implica a exclusão dos outros. Para mim são coisas diferentes.
Esquematizando e pondo as coisas num sentido figurado:
a) aceito-me como sou
b) estou bem
1. excluir os outros ou não deixar que me afectem - já é uma opção e não implica que as duas alíneas anteriores não se assumam.
Se deixares de ver as cores das asas dos outros arriscas-te a viver encerrado numa redoma opaca, tipo casulo, onde a única preocupação será o teu umbigo!
(bolas que eu hoje estou cáustica!)
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O aceitarmos de vez como somos claro que não leva à exclusão das outras pessoas, pelo contrário. O que queria dizer era mais só depois de estarmos bem connosco próprios é que poderemos estar também com as outras pessoas. ;)
ReplyO deixar de ver as cores não é uma forma de rejeição, mas sim porque deixaram de ter cor mesmo. Acaba-se o cinzento, preto, branco, o ser-se homem, mulher e derivados, passando a ser anjos/pessoas "apenas". Quem sabe ver as coisas no seu estado mais básico e "puro".
Geralmente quem está virado para o umbigo não vê as asas sequer, pois está demasiado cego. :p
Ok, ok, ok... fui eu então que interpretei mal as tuas palavras, sorry!
Replydo estado 'puro' gostei! vês a essência e essa não tem cor, desse modo já percebo então.
O Leo acabou de aterrar ao meu lado e quer atenção... já agora, em que categoria é que pomos os gatos?
Sabes, por vezes há coisas tão nossas desde sempre que acabamos por considerá-las erradamente como um dado adquirido para os outros tb, eu sempre vi as pessoas dessa maneira que descreves - como 'pessoas' - independentemente do género, cor, etnia ou idade e os afectos distribuem-se assim também, sem condicionantes. não há muitos como nós...
ainda bem que existes ;)
A banda sonora da noite têm sido os Frightened Rabbit que agora pararam e estou acompanhada pelo maior ronronar que possas imaginar, com a minha mudança de hábitos este cavalheiro passou a ter lugar à secretária... tipo, se não podes convencê-la a ir para um sítio mais confortavel, junta-te a ela ... são mesmo criaturas divinas assim como são, não precisam de asas, pelo sedoso, narizito atrevido, bigodes compridos, orelhas de radar e olhos de carinho e patas de algodão
^_^
vou procurar som para adormecer, tens sugestão?
§
Deixa lá, os meus problemas de expressão também não ajudam. ;)
ReplyOs gatos, tal como os animais em geral, vejo-os como puros e crianças ao mesmo tempo, em que crescem apenas um pouco mas não passam de certo estado depois. Enfim, são divinos heheh.
Voltando à temática das pessoas, anjos e asas, eu sempre fui vendo as pessoas assim também, o que pode levar às tais desilusões após se revelarem como são realmente, já que na hora nunca pensamos nisso. É uma das várias cenas no texto em que existe uma visão diferente, já que a personagem e pessoa só começou a ver as coisas assim após alcançar a tal paz, o que não é o meu caso por exemplo. :p
Talvez não existam muitos, mas vão existindo felizmente. :)
A nina está por aqui também, a ouvir música comigo. :p Parece um bébé autentico heheh. Bue vezes vou ter com ela para ela se encostar um pouco a mim antes de me deitar de vez.
Hmm, em relação a som nem sei. Além de revisitar o tal álbum dos Archive, hoje descobri por acaso uma outra cena nova chamada The Val Papadins. Not sure se será o melhor para adormecer, mas...;)
Pois, The Val Papadins é para decobrir noutro dia, agora The Harlequin Party já é outra história... Hj adormeço a sonhar com as areias da California! Thx :)
ReplyBons sonhos e um carinho especial para a Nina: mmmiiaaaaaaau ;)
§
Belas palavras de introspecção. Também acredito que nós somos o ponto de partida para os outros, mas também acredito que há pessoas que são o ponto de partida para nós. Claro que não falo de todas as pessoas, mas aquelas que nos são especiais. Aí também reside uma certa paz.
ReplyVerdade, as pessoas acabam por ter grande importancia na tua própria paz e a levar-te a chegar a certo estado. Muito eu aprendo com elas também, todos os dias. ;)
ReplyMas as que nos são mais especiais realmente provocam uma sensação difícil de descrever. :)
Thx. :)
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