"Estamos diante de um portão, figuras aladas misturam-se com outras, onde as asas de umas exibem tonalidades diferentes consoante a luz e o seu percurso, o caminho que escolheram.
Entre o branco, cinzento e o preto, as penas contam-nos histórias, vidas que um dia foram nossas e de outros, à medida que nos abraçamos e partilhamos conversas como se estivéssemos num café qualquer de uma esquina familiar.
Se me perguntassem neste momento qual a minha cor, acho que não saberia responder, visto que das incertezas do passado passei para uma encruzilhada entre o branco e o cinzento após acreditar em mim próprio e tudo se definir à minha frente, apesar de não ter grande controlo nessa e outras decisões. É mais forte que eu, é mais forte que nós, é mais forte que tu, e do que possamos imaginar.
De qualquer modo, agora que chegámos aqui, as correntes e tudo o que nos deixava presos a algo deixaram de existir. Os corpos flutuam, sem peso, sexo ou preocupações. De cada vez que eles se abraçam, fundem-se, numa paz de emoções, de prazeres que não se contam e que se sentem apenas.
Estamos todos à espera que a porta se abra, mesmo não sabendo o que está por detrás dela, porque da vida que deixámos para trás sabemos que outra nos espera à frente, e a sensação de algo novo, da descoberta, é sempre inebriante.
Quem sabe nos encontremos todos um dia aqui, neste lado, neste desconhecido, neste aglomerado de nadas e infinitos, nesta imensidão e vazio que faz parte de nós e do que somos. Quem sabe realmente…
À medida que a porta se abre, e que dou o primeiro passo em frente, olho uma última vez para trás, com um sorriso, e esboço com um olhar um último pensamento.
*Cá te espero*"
Nuno Almeida, Lugares Comuns
2008, Textos Soltos
boomp3.com
Entre o branco, cinzento e o preto, as penas contam-nos histórias, vidas que um dia foram nossas e de outros, à medida que nos abraçamos e partilhamos conversas como se estivéssemos num café qualquer de uma esquina familiar.
Se me perguntassem neste momento qual a minha cor, acho que não saberia responder, visto que das incertezas do passado passei para uma encruzilhada entre o branco e o cinzento após acreditar em mim próprio e tudo se definir à minha frente, apesar de não ter grande controlo nessa e outras decisões. É mais forte que eu, é mais forte que nós, é mais forte que tu, e do que possamos imaginar.
De qualquer modo, agora que chegámos aqui, as correntes e tudo o que nos deixava presos a algo deixaram de existir. Os corpos flutuam, sem peso, sexo ou preocupações. De cada vez que eles se abraçam, fundem-se, numa paz de emoções, de prazeres que não se contam e que se sentem apenas.
Estamos todos à espera que a porta se abra, mesmo não sabendo o que está por detrás dela, porque da vida que deixámos para trás sabemos que outra nos espera à frente, e a sensação de algo novo, da descoberta, é sempre inebriante.
Quem sabe nos encontremos todos um dia aqui, neste lado, neste desconhecido, neste aglomerado de nadas e infinitos, nesta imensidão e vazio que faz parte de nós e do que somos. Quem sabe realmente…
À medida que a porta se abre, e que dou o primeiro passo em frente, olho uma última vez para trás, com um sorriso, e esboço com um olhar um último pensamento.
*Cá te espero*"
Nuno Almeida, Lugares Comuns
2008, Textos Soltos
boomp3.com
14 comentar
Click here for comentarCumprindo a tradição das amigas, hoje é a minha vez de gritar PRIMEIRAAAAAS!!! ;)
ReplyEste teu texto fez-me pensar no livro que ando a ler. É um livro muito especial e tem a particularidade interessante de ser narrado pela Morte; é um daqueles livros que, para quem o acto da leitura é como respirar, só aparecem de tempos em tempos e ficam para sempre. Chama-se "A Rapariga Que Roubava Livros" da Presença. É uma lufada de ar fresco com o condão de fazer sorrir, sentir, pensar...
por vezes com as tuas palavras acontece o mesmo.
Deixo-te a sugestão de leitura e se o fizeres (eu nem sei se gostas de ler! Infelizmente é indiferente para tanta gente!)perceberás a enormidade do elogio que te estou a fazer.
Até à próxima §
SEGUNDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAS!!!
ReplyOlha, muito bonito...adorei adorei adorei...ainda tenho de o ler de novo, é muito mais complexo do que parece e traz ao de cimo emoções e memórias à muito recalcadas...
Voltarei, talvez...who knows
Thx mais uma vez Sofia. :)
ReplyVou investigar esse livro então, apesar do meu relacionamento meio weird com eles (livros) de há uns anos pra cá, mas isso é uma história que fica para outra altura. ;)
De qualquer modo, mesmo sem o conhecer ainda, obrigado pelo elogio desde já. ^_^
Soya, obrigado, e acho bem que voltes, já que este texto até surgiu inicialmente devido ao teu último post sobre o paraíso. :p
Pouco depois evoluiu para umas ideias e visões que escrevi umas variantes há uns bons anos atrás, em que as pessoas percorrem um caminho na vida que determina as cores das suas asas após morrerem. :)
Uau...
ReplyDe que cor é que achas que vão ser as tuas asas?
Bem, eu vou ter asas, com certeza, e sei que vão ter branco bourdeau( cor do meu antidoto da realidade :p) e...bem o resto das cores será determinada daqui mais para a frente!
:)
Gostei mesmo dessa ideia!
Cinzentas provavelmente. ;)
ReplyOh que gaita, hoje já vim tarde... isto é assim, basta atrasarmo-nos um bocado e passam-nos à frente!
ReplyJá não posso gritar nem 'primeiras' e nem 'segundas!'
Urff! Então vou gritar 'BOA NOOOOOOOOITE!!!!!'
Depois eu começava a cantar: 'Está na hooooraa da caminhaaa, vamos lá dormiiiiir, ver lá fooooora as estrelaaaaaas.. lalalaaaaa' Lembram-se disto?
Era do Vitinho não era? Era tão fixe! :)
Quanto ao texto, gostei bastante. Está bonito.
Também gostei do título que lhe atribuíste. 'Em toda a parte e em lado nenhum.'
Li o texto 3 vezes porque a sério... da primeira vez que o li não 'interiorizei' o geral da coisa.
Da segunda já 'apanhei' as palavras mais a jeito e dei-lhes o meu sentido, e da terceira li do início ao fim sem parar. Eheh! Estes textos estão cada vez melhores. Muito bom! :)
[cinzentas porquê Azel? E branco bourdeau porquê Soya?
As minhas asas já são castanhas de dia e pretas de noite. Quando for para o céu vão ser uma castanha e uma preta. Já que não posso ter um olho de cada cor ao menos as asas caraças!!]
**
Branco porque é uma cor pura e bunita, se bem que depois de vos encontrar lá no céu, e de andarmos a revolucionar aquilo, e de tanto passear etc. vão-se sujar um pouco, e (faltou o E) bordeou porque é a cor associada ao vinho-acho, e o álcool, como escrevi acima é o antídoto da realidade! Looool
ReplyNão, não sou nem puríssima, nem alcoólica! :p
Ah, mas as minhas asas vão ter pozinhos brilhantes...são mágicos e correspondem á alegria que dou á vida das pessoas! :)...
(sim, tenho de largar as gomas!)
Sim, azel, cinzentas porquê?
Cinzentas devido ao meu percurso na vida, que tem tido tanto de "puro", e note-se bem as aspas ahem, como da tal aura negra que me rodeia, andando sempre no meio termo entre esses extremos.
ReplyExiste sempre algo aqui muito complicado de definir, de delinear, um nevoeiro que marca presença constantemente, além de que cinzento sempre foi a minha cor de eleição há uns bons anos atrás. :p
Não sei, mas realmente o mais lógico é que a cor das minhas asas sejam cinzentas devido ao tal caminho, maneira de ser e diversos factores.
Geralmente quem morre umas vezes na sua existência, sem realmente morrer literalmente antes de chegar às portas, acaba por ficar assim num limbo complicado de definir, numa falta de clareza contrária ao branco e ao negro, que dita depois a cor das penas.
E erm well, acho que nem eu sei muito bem o que quero dizer com isto tudo. Mas ya, cinzentas.
Liliana, thx, e quem sabe este título até seja aproveitado para outro texto também. ;)
E eu que tinha acabado de escrever um comment todo bonitinho sobre a côr das minhas asas, mas que também fazia a derradeira pergunta "cinzentas porquê?" e que acabei por ficar perdida no éter?
ReplyNem foi enviado nem o consigo recuperar... mas entretanto já estou esclarecida. :)
Minutos preciosos roubados ao sono, a falar da miríade de caminhos que poderiam colori-las (mas tinha que escrever esta palavra pq fiquei encantada com o som dela!)
Amanhã tenho que arranjar frases para a repetir em voz alta, MIRÍADE!
Morrer de sono. Vou dormir e sonhar com anjos
E asas côr de arco-íris (mas mais do tipo madre-pérola, sem ser daqueles direitinhos como nos prismas e nos animados)
côr de poeiras de nuvem prateada
Boa-noite
Até à próxima §
Pena isso do outro comment. Eu no geral actualmente gravo sempre para um txt o que escrevi antes de fazer reply, já pelo trauma. ;)
ReplyMiriade, bela palavra sim senhora, que sabe a use também um dia destes para descrever algo.
Hmm, bela descrição e cor, estou muito curioso para saber o que poderá levar a essa tonalide. "côr de poeiras de nuvem prateada". Excelente.
Boa noite e bons sonhos com anjos de asas madre-perola então. :)
.. mas que raio... (ahahahahah!!) mas porqê que toda a gente aparece aqui com ideias de cores assim e assado?
ReplyÉ uma que diz que quer asas com cor e cheiro a vinhaça, é outro que quer asas cinzentas porque é muito poético estar no tom intermédio, agora a Sofia diz que quer asas com poeira de pérola.. oh valha-me nossa senhora!
Sejam práticos como eu pah!
Uma castanha e uma preta e acabou.
Eheh...
Vão ver se amanhã não apareço aqui com uma ideia de asas que até caiem para o lado!
Deixe-me só pensar no assunto que já vão ver! ... hmmm.. 'cor de bourdeau... cinzento intermédio... cor de pérola..' tá bem tá.. se me der na cabeça até faço um desenho!
Aaaaaahh! Brincam! :p :p :D
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Ahahahah, Liliana, que demais. Realmente pa, isto quem veja estas coisas pensa que somos todos malucos. Oh wait...:p
ReplyVenha esse desenho então. :)
Agora estamos á espera do desenho...
ReplyWait, mim ter cabelo cor castanho avermelhado, algo do género! HAHAHA
Desenho?? Quem falou em desenho?? EU?? Naaaaaaa.. leram mal.
ReplyOs desenhos também se fazem com palavras. :) (ihihih!)
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