Distracções, ou quando a vida te passa ao lado

Desde o passado Sábado que algo não me sai da cabeça, num misto de raiva por oportunidades e eventuais momentos perdidos, por ser sempre tão distraído e ao mesmo tempo ter uma certa maneira de ser que me leva a agir espontaneamente, que mesmo sem maldade, pode acabar por magoar alguém, que pode levar a que se percam coisas, sejam boas conversas de ocasião, um possível novo amigo(a), ou simplesmente um "daqueles momentos".

Nesta altura ouço várias músicas, que andam na minha cabeça há já algum tempo, em teste mental para o meu novo CD/Podcast que dá pelo nome de "Ways of the Cellophane". Se em princípio este será mais uma jornada, e em que as minhas dúvidas existenciais das versões “In Limbo” transformaram-se em aceitação e reconhecimento do caminho que sigo a nível disto da música, certo é que este tal Sábado não me sai da cabeça.

Uma saída. Uma simples saída de tarde, após a maluqueira e cansaço das sessões de música na quinta e na sexta. Dançar, curtir, anti-stress, libertação de demónios, as minhas idas à jukebox têm sempre algo de catarse, de expulsar algo, ao ponto de ter uma certa fama devido à minha postura na pista, e mesmo no local em si em certos aspectos. Ainda hoje mantenho uma boa relação tanto com os donos como com muitas pessoas de lá apesar de tudo, mesmo que possa ser considerado o maluco do sítio ou algo do género, ou o gajo que dança toda a tarde de maneira extrema sem consumir nada e sem ligar a ninguém, estando sempre na sua, no seu planeta.

No meio disto tudo, de mitos e ideias pré-feitas, em pausa para mais um copo de água, alguém me pergunta de que álbum era a música de Deftones que deu uns minutos antes, questão à qual já não me lembrava da resposta concreta pois já lá vão uns anos. Pouco depois uma conversa natural sobre música surge, em que do pouco que foi possível descortinar era que ambos adorávamos Blonde Redhead, entre outras coisas, mas…mas…

Distraído como sou, ao dar uma música a conversa acaba tão rapidamente como tinha começado, porque a música tem esse efeito no meu corpo, e puxa-me para ir dançar, o que deu um ar de corte abrupto. Sim, ambos apenas nos conhecemos dali de vista, há já algum tempo se não estou em erro, e apesar de não ter nenhuma intenção por detrás disto, porque raio uma questão não me sai da cabeça?

*mas porque é que eu nem lhe perguntei o nome sequer?*

Estamos em segunda-feira, e teimo em estar a ponderar ainda nessa questão, e que o mais certo é as pessoas não se verem nunca mais, ou nunca existir outro momento em que até falem, e que um simples gesto na altura como o de perguntar o nome, e que foi um prazer, poderia ter mudado algo. Dizer na minha vida pode soar deveras exagerado, mas por vezes temos assim daqueles feelings, de que deixámos passar ali “algo”, um momento, que podia ter mudado algo na nossa existência, e que deixamos passar-nos assim ao lado.

Isto vindo de uma pessoa que costuma ser tão espontânea é no mínimo caricato, e sei bem que além da minha questão de ser distraído, temos a questão de certas pessoas me terem desiludido novamente ao não estarem nem aí quando precisei recentemente (novo período altamente doente), de outra relação ter ido com os porcos na mesma altura, e outras coisas que ficam para outra altura, o que pode levar-nos a ficar ainda mais ariscos que o normal, mas…

*porque raio é que eu nem lhe perguntei o nome sequer?*

*fdx*