Exposição Hungria: Uma visão poética na Biblioteca Nacional das Línguas Estrangeiras, em Budapeste


E sta exposição de fotografia, que inaugura no dia 1 de Abril às 18:00, hora local, na Biblioteca Nacional das Línguas Estrangeiras em Budapeste, na Hungria, insere-se no projecto em que estou a trabalhar sobre o país («uma visão que cruza as linhas entre o poético e o jornalístico») e assume-se, também, como um momento importante a nível pessoal. Constituído por inúmeras imagens e textos, este projecto apresenta duas facetas que se complementam, a fotografia e a escrita.


Para esta mostra, constituída por 24 fotografias, há que salientar o apoio do Centro de Língua Portuguesa do Camões, I.P. em Budapeste, assim como todo o trabalho de traduzir os textos e materiais do Português para Húngaro efectuado por Bálint Urbán.


A exposição ficará patente na Biblioteca Nacional das Línguas Estrangeiras até ao dia 29 de abril. Para quem estiver interessado em mais informações, podem consultar a página no site do CLP, ou ler uma breve descrição em Português clicando abaixo no botão respectivo.

«Foram dois anos a viver em Budapeste, entre 2012 e 2014. A génese desta exposição parte daí, mas não se fica pela mera referência temporal. A inocência da descoberta associada aos primeiros momentos, os choques culturais, os pequenos detalhes, o encanto que se começa a revelar quando nos deixamos embalar pelo respirar da cidade e nos tornamos parte dela.

É possível sentir a História em todo o lado. Nos edifícios, nos mistérios e silêncios dos cemitérios que mais parecem museus, nos transportes públicos e especialmente nas pessoas – nos olhos que dizem tudo, nas marcas profundas na pele de quem viveu durante períodos difíceis e persistiu em começar de novo.

Começam a escrever-se algumas histórias relacionadas com toda esta experiência, não só porque a Hungria é ainda um mistério para os Portugueses e para grande parte do mundo, mas também pela partilha de uma visão que cruza as linhas entre o poético e o jornalístico. Depressa as narrativas se estendem a outras cidades, para todo o país, para as pessoas, para a ideia de organizar um livro sobre a Hungria com esses textos e com as muitas fotografias que se tiram.

Esta exposição representa um pequeno olhar sobre um projecto que se afigura como megalómano, com palavras sem fim e milhares de fotografias. Uma espécie de diário pessoal com registos perdidos no tempo, fruto de uma estética que cada vez mais nos remete para os sonhos e para as várias dicotomias presentes no próprio país. O Antigo namora com o Novo, a amálgama de arquitectura imponente que se permite conviver com outras de pendor decadente, as tradições a colidirem com a criatividade inovadora, caótica e cuidada que transborda na decoração de muitos locais, sejam eles lojas, cafés ou bares, a seriedade que é atribuída aos Húngaros e que se esbate quando olhamos para a doçura dos cães com que muitos se passeiam. Por vezes tudo isto é estranho e não parece fazer sentido, mas também é essa a razão pela qual é um país que necessita de tempo, de pausas na vida apressada para bebermos do néctar dos pormenores e olhar além do óbvio.

É uma visão muito própria, poética, de um Português sobre a Hungria. Um romance sem final definido.»