A exaltação do sublime encerra dentro de si todas as respostas, mais do que a reflexão e inequivocamente afastada por princípio das armadilhas da indiferença. A boca tem primeiro de saber a mar antes de qualquer conquista. Era assim que ele nos iniciava no ritual da sua pele salgada. Desnudo, vergava-se perante o palato do desconhecido, os olhos, explosões baças de quem nunca foi jovem.
Praia do corpo, o processo designado, grãos de areia nos lábios.
Mede os passos, as linhas que unem os braços ao tronco, o prepúcio, o precipício, o pedinte, trata a descoberta com respeito. Lembro-me tão bem das palavras, eram como ondas, a espuma a ribombar nos ramos com que mantinha a distância, visões, pequenos suspiros, perdida como uma adolescente, áspero e irrecusável. Percorremos uma floresta de epidermes, eclipse de água turva, simultâneo, o caminho ladeado por impropérios ácidos, tangível, pontes de corda, devoção guardada na ponta dos dedos. Néctares de fé, bebia-os por inteiro.
Saber dizer adeus é conhecer-se. Despeço-me dele nas primeiras horas da manhã, todos os dias, naquele comboio em que me toca na pequena morte, as notas do piano, as músicas aleatórias, tão extraviada na rotina como qualquer rosto aos tombos nestas carruagens vermelhas, perdida, com as unhas pintadas de cinzento-escuro.
Praia do corpo, o processo designado, grãos de areia nos lábios.
Mede os passos, as linhas que unem os braços ao tronco, o prepúcio, o precipício, o pedinte, trata a descoberta com respeito. Lembro-me tão bem das palavras, eram como ondas, a espuma a ribombar nos ramos com que mantinha a distância, visões, pequenos suspiros, perdida como uma adolescente, áspero e irrecusável. Percorremos uma floresta de epidermes, eclipse de água turva, simultâneo, o caminho ladeado por impropérios ácidos, tangível, pontes de corda, devoção guardada na ponta dos dedos. Néctares de fé, bebia-os por inteiro.
Saber dizer adeus é conhecer-se. Despeço-me dele nas primeiras horas da manhã, todos os dias, naquele comboio em que me toca na pequena morte, as notas do piano, as músicas aleatórias, tão extraviada na rotina como qualquer rosto aos tombos nestas carruagens vermelhas, perdida, com as unhas pintadas de cinzento-escuro.
Nuno Almeida
Contos do Tirano
2014
A génese dos bracinhos no ar e dos olhares absortos
Guardar [MP3, ZIP] Duração [79:10] Data: 27-01-2014
Playlist:
01. Zinovia - Attached, Our Eyes Wide Open
02. Anna Ternheim - Terrified
03. Alice In Chains - Rotten Apple
04. Black Swan Lane - Weigh It Down
05. Mark Lanegan Band - Gray Goes Black
06. Soviet Soviet - Introspective Trip
07. Letting Up Despite Great Faults - Visions
08. Ladycop - Un-Modern Man
09. Phantogram - 16 years
10. Still Corners - The Trip
11. Bullets In Madison - The Eclipse
12. Low Sea - Acid Ocean
13. Skeleton Hands - Ravage
14. Austra - Spellwork
15. I Break Horses - Faith
16. Chelsea Wolfe - The Warden
17. Daybehavior - So Shut Your Eyes
18. Chinawoman - Good Times Don't Carry Over
Tem formação em multimédia, fotografia e jornalismo. Mas mais do que isso, tem mundos na cabeça e caleidoscópios de actividade criativa.
ConversionConversion EmoticonEmoticon