"Até quando é que a beleza pode ser tanta que se pode tornar letal? Até quando é que as coincidências assustam e o brincar das crianças pode ser o início de um castelo construído a Legos de várias tonalidades? Sim, até quando?
Quando os movimentos dos corpos humedecerem os lábios e eles se aproximarem sem darem conta disso, quando os olhares fechados respirarem juntos porque é assim que o momento o dita, aí, até esse quando, até esse doer do peito que faz apertar o coração e começar tudo de novo, as descobertas, os toques, os sentires, os anseios, os receios, os desejos, até que a vontade de dançar seja tanta que a explosão aniquile as estrelas do céu.
Até quando?
Até quando?
Até quando?
Até quando?
Até quando é que as montanhas irão chorar por nós, nas escarpas a despirem-se com a nossa erosão? Até quando?
Ao nosso lado, rodeados de flores e pelo cheiro da relva que nos inebria, temos livros, música, comida, uma distribuição meticulosa de caos, temos braços em duelos de confiança, temos pernas entrançadas no suave da pele, a luz a fugir com as horas, temos animais sentados a olhar para nós, também eles no caos, temos miados e latires, cantares nas árvores, uma corda à nossa volta que nos apara a queda, que nos protege de tanta tontura neste chão que se recusa a parar de girar.
E pergunto-me, novamente, até quando?
Até quando porra?
Até quando é que teremos de rasgar o que nos vai cá dentro para que tudo seja o mais incompleto possível? Até quando?
Até quando é que teremos de esperar para pentear o cabelo do outro, afagados em banhos impossíveis? Até quando é que vamos questionarmo-nos sobre o que seria pegar no outro ao colo e dar-lhe mimos como se tudo dependesse disso, nesse instante?
Até quando?
Até nos apetecer."
Nuno Almeida, Ecos de Gravidade, 2010
Quando os movimentos dos corpos humedecerem os lábios e eles se aproximarem sem darem conta disso, quando os olhares fechados respirarem juntos porque é assim que o momento o dita, aí, até esse quando, até esse doer do peito que faz apertar o coração e começar tudo de novo, as descobertas, os toques, os sentires, os anseios, os receios, os desejos, até que a vontade de dançar seja tanta que a explosão aniquile as estrelas do céu.
Até quando?
Até quando?
Até quando?
Até quando?
Até quando é que as montanhas irão chorar por nós, nas escarpas a despirem-se com a nossa erosão? Até quando?
Ao nosso lado, rodeados de flores e pelo cheiro da relva que nos inebria, temos livros, música, comida, uma distribuição meticulosa de caos, temos braços em duelos de confiança, temos pernas entrançadas no suave da pele, a luz a fugir com as horas, temos animais sentados a olhar para nós, também eles no caos, temos miados e latires, cantares nas árvores, uma corda à nossa volta que nos apara a queda, que nos protege de tanta tontura neste chão que se recusa a parar de girar.
E pergunto-me, novamente, até quando?
Até quando porra?
Até quando é que teremos de rasgar o que nos vai cá dentro para que tudo seja o mais incompleto possível? Até quando?
Até quando é que teremos de esperar para pentear o cabelo do outro, afagados em banhos impossíveis? Até quando é que vamos questionarmo-nos sobre o que seria pegar no outro ao colo e dar-lhe mimos como se tudo dependesse disso, nesse instante?
Até quando?
Até nos apetecer."
Nuno Almeida, Ecos de Gravidade, 2010
love comes tumbling
Playlist:
01. The Twilight Sad - Scissors
02. And Also The Trees - Sunrise
03. Kyte - Like She Said
04. Holly Miranda - Slow Burn Treason
05. Trentemoller - Sycamore Feeling
06. Apparat - You Don't Know Me
07. Coeur de Pirate - C'était salement romantique
08. Soap&Skin - Brother Of Sleep
09. Alex Beaupain - Ma mémoire sale
Tem formação em multimédia, fotografia e jornalismo. Mas mais do que isso, tem mundos na cabeça e caleidoscópios de actividade criativa.
2 comentar
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Reply(comentário escrito com a mão esquerda tem duplo valor)
;)
As melhoras para a lesão e obrigado mais uma vez pelas palavras, escritas com a mão esquerda agora ;)
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