«you are chaos and emotion»

Impulso, improviso.

Sensação do momento, o agora.

Quem me conhece já sabe que funciono bastante desta maneira, numa lógica que não se descreve mas que parece fazer sentido pouco tempo depois, aparentemente. A frase que dá título a este post não é diferente e hoje, um dia após estas palavras, ainda mais.

Na Sexta-Feira fui ver o live act na Crew Hassan do meu amigo Rodolfo, aka R.A.M.oz, o que se revelou como um convívio excelente antes, durante e depois da actuação, ao mesmo tempo que sorria com os olhares de estranheza que ia observando perante a sonoridade electrónica experimental que ecoava naquelas paredes. De qualquer modo, no r/c daquela cooperativa cultural, naquela sala, como está, fez sentido e gostei deveras do espaço, assim como da actuação claro, não me cansando de lhe tirar fotos e sorrir com o momento.

No Sábado era altura de participar de forma activa num casamento em Sintra. Cocktail, almoço e baile, isto já não é nada estranho para estes lados e ocupa-me por norma entre 16 a 20 horas por dia, de manhã à noite, mas porque decidi falar deste em especial? Porque foi mesmo isso, especial, a todos os níveis. Em primeiro lugar, o local. Situada na zona da Várzea de Sinta, a Quinta Ten-Chi revelou-se como um espaço fantástico, a merecer visitas regulares e com uma atmosfera muito própria, em que tanto abunda o misticismo muito próprio de Sintra como influências orientais.

Em segundo, temos o tipo de música e público, o que já se sentia antes quando se verificava que entre os pedidos de alguns pontos-chave figuravam nomes como os Air, Kings of Convenience, Diabo na Cruz e Divine Comedy. Sim, música algo diferente da norma (subjectivo isto claro), o que contrasta de maneira algo paradoxal com o que ouvimos em muitos espaços nocturnos.

Por volta das 15h, quando se estava na parte do cocktail, numa altura em que passava os Odawas, The National, Burn the Negative, Genaro, Junior Boys, Flunk, Echo & The Bunnymen, IAMX, Twiggy Frostbite, Chinawoman, Port-Royal e Wolfsheim por exemplo, algumas pessoas já tinham vindo agradecer a música, o que se prolongou em várias alturas das aberturas dos bailes mais tarde, com as pessoas a dançarem ao som dos The Golden Filter, Peter Murphy, Lindstrøm, David Bowie, Arcade Fire, This Vision, Burning Hearts, The Smiths ou Saint Etienne, levando a pedidos posteriores de Depeche Mode, Metric e New Order por exemplo.

Ou seja, esta festa e evento acabou por transformar-se numa das minhas sessões ‘normais’ a nível de música, com público totalmente receptivo a isso, mas num local e contexto paradisíaco. Não podia ter sido melhor e até deu para algumas pessoas me darem dicas de bandas e projectos a descobrir e investigar, notando-se uma paixão por música entre todos nós.

Mas quem sabe o melhor estaria reservado para o final, ao som dos Ornatos Violeta, Madredeus, Detektivbyrån, Yann Tiersen e, principalmente, Dead Can Dance, de onde vem a tal frase do início e cuja música ficou a ecoar nas paredes e árvores no final da festa. Para continuar toda esta surpresa e ambiente maravilhoso, algumas das pessoas que já tinham falado comigo antes vieram despedir-se, agradecer tal final e dizer-me que Dead Can Dance era a banda favorita delas, para meu olhar de espanto e provavelmente corado, agradecendo a elas as palavras e elogios mais uma vez.

Por esta altura dei comigo a pensar ainda mais na questão que já pairava na minha cabeça, nomeadamente, onde pára normalmente este público? Atento, com vontade de dançar, mesmo o que não conheça mas que se enquadre nos gostos pessoais, atraído por certas sonoridades e por um eclectismo bem curioso, onde pára realmente. Fica aqui o meu obrigado mais uma vez, foi dos melhores que já tive oportunidade de participar, sorrisos, muitos. :)

6 comentar

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elsafer
admin
14 junho, 2010 09:21 ×

eu sou um desses publicos que não gosta de festas de casamentos porque me sinto "empacotada" , sem qualquer inspiração para dançar ... pois o pacote é normalmente feito para um target que nada me diz ... é normalmente feita para todos e em especial para ninguém .
normalmente falta o verdadeiro sentido do momento , a partilha ...

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14 junho, 2010 10:00 ×

Sim, mas o público deste caso específico era o 'nosso' digamos e quando referi isso tem a ver com o que vemos especialmente nas noites e ambientes das mesmas, que levam-nos a não ter muita vontade de sair sinceramente, seja pela música como pelo comportamento do público e o tal ambiente, o que contrasta bastante com o que aconteceu neste casamento. :)

Algo me diz que poderiam ser pessoas como nós, que se fartaram disso com o tempo também e neste era provável que dançasses ;)

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elsafer
admin
14 junho, 2010 13:27 ×

os promotores da boda souberam escolher o DJ e deram-lhe a oportunidade de mostrar a sua verdadeira arte ... isso normalmente não acontece.

merecem um aplauso ...

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14 junho, 2010 14:18 ×

heheh, sim, muito do mérito foi das pessoas da boda. :)

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14 junho, 2010 21:55 ×

Transformas-te aquela parte que normalmente é uma seca nos casamentos, a do órgão e debitar parvoíces.
:)
abraço

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14 junho, 2010 22:00 ×

Thx, se bem que muito partiu das pessoas em si, público excelente e que queria certo tipo de música. Mudança de gerações presumo :)

Outro abraço. :)

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