Agora

"Daqui a umas horitas, de mini vestido às riscas e ligas a descaírem-me pelas pernas, estarei bem perto, a vender-te sonhos e malabarismos num trapézio. Podes olhar, eu deixo, podes até juntar-te a mim em movimentos de fricção que eu deixo também, só precisas é de engolir-me quando te pedir, sem hesitações, enquanto nos rimos com os copos cheios, nas cores que vemos a andar à roda, sem parar, sem parar, sem parar, sim, agora agora, é agora, não pares, deixa-me em silêncio, encontra-me, na ponta do arame, nos rasgões na pele, no revirar das órbitas, magnífico, maravilhoso, preciso, vá vá, agora, sensação de abanão, entorpecida, respirar, não quero, o fôlego é sobrevalorizado, partia-te agora todos os alicerces, arrancava-te agora todos os pêlos do corpo, mordia-te o peito, num instante, sem pestanejar porque é assim que as coisas são, repentinas e intensas, vividas ao momento, agora agora agora, deixa-te de merdas de uma vez, vá!"

Nuno Almeida, Ecos de Gravidade, 2010

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elsafer
admin
13 maio, 2010 21:52 ×

fantasiamos a cena e soltamos o reflexo dos pequenos sonhos ... o artista pinta a sua tela com padrões que nos fazem sorrir
;)

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14 maio, 2010 02:05 ×

:)

Fulminante, peguei no carro depois deste e ainda tremia dentro da história, da personagem, durante o caminho, o que se repetiu no regresso, em estado bruto.

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