A Leveza das Nuvens

"Existe um tremelicar nos teus membros, como se soubesses que no meio do nevoeiro que te deixa na escuridão, quando olhas pelos vidros da janela, que algo está ali à tua espera. Descalça, com as roupas mais leves que encontras na hora, sais pela porta, procurando mistérios, rodopiando pelas ruas e esquinas da cidade que está demasiado atarefada para te ver.

Bonita como só uma mulher sabe ser, tens nos teus passos a leveza das nuvens e no olhar um animal perdido, naquelas palavras que te confundem os sentidos e sabem a mel para os anseios que tens dentro de ti.

Um caso raro de negligência sensorial, não consegues deixar de pensar, um estado da vida e estás doente, de ti própria, uma das conclusões possíveis ao ler estas tuas páginas soltas nos diários espalhados pelo chão, póstumas, do acidente que te levou para onde querias, na noite em que nada era visível, nem mesmo eu, ou o carro com que decidiste fazer amor, até não haver amanhã, literalmente."

Nuno Almeida, Labirintos (Port-Royal book), 2009-2010


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Anónimo
admin
10 janeiro, 2010 17:38 ×

Your blog keeps getting better and better! Your older articles are not as good as newer ones you have a lot more creativity and originality now keep it up!

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10 janeiro, 2010 17:42 ×

Hi and many thx for the comment and kind words. :)

Let's hope i can keep up then, even if the updates are a little irregular lately. :)

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