O Homem Invisível

"Chapéu-de-chuva quebrado, vento a toldar-me a visão, não devia ter saído de casa nesta noite penso cá para os meus botões e olhando para as formas do casaco cinzento comprido e encharcado que envergo com um orgulho rasgado. É uma das lembranças que tenho do meu pai e, neste momento, cada gota que percorre o caminho das mangas até aos meus sapatos é como se fosse uma fotografia para o infinito.

Parado na berma do passeio, olho para cima, absorvendo cada pedaço de sensação e delineando a quem me permito existir. Tu não és uma delas."

Nuno Almeida, Retratos Incomuns, 2009


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01 fevereiro, 2009 00:53 ×

O homem invisível deve ter desaparecido na altura em que colocaste este post e por isso não o descobri aqui. :)

Isto porque quando o li da primeira vez, não o senti da mesma forma que agora o sinto.

Está 'gira' a forma como as descrições que dás se transformam em algo mais do que isso.

Very nice. :)

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01 fevereiro, 2009 00:56 ×

Lol ya, se calhar na altura tornou-se o texto invisivel. :p

Também gosto mais dele agora do que quando o meti aqui sinceramente. Thx. :)

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