Hibernar

"Cabeça baixa, meto um balão à boca e sopro, enchendo-o com o que me vai na alma até me faltar o ar. Saber quando parar, o limite antes do rebentamento, é algo que me intriga de tempos a tempos porque não me sei conter, não sei quando devo parar de me soltar, de dançar nestes escrutínios que decidem o que é correcto ou errado, o que é aceite ou posto de lado. Andar na corda bamba não é assim tão bom como a pintam nos manifestos de rebeldia e das vidas que se dizem e querem alternativas.

Em circunstâncias normais diria que seguirmos em frente, que sermos nós, seria o passo a dar, mas neste momento até já hibernava algures, deixando-me ir pelos sonhos, feitios e ombros onde já me encostei, acordando anos mais tarde quando algo dentro de mim me fizesse despertar e mostrasse que o mundo voltou a fazer sentido."

Nuno Almeida, Retratos Incomuns, 2008

Boomp3.com

8 comentar

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21 outubro, 2008 00:58 ×

Nem sempre as coisas fazem sentido, mas mesmo assim, temos que passar por elas de olhos bem abertos e bem acordados.

Faz parte acho eu.

Se calhar é para depois sabermos dar mais valor a certas coisas que de outro modo, nos passariam ao lado.

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21 outubro, 2008 01:08 ×

Sim, quem sabe faça parte, quem sabe...:)

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Sofia
admin
21 outubro, 2008 01:20 ×

Gostei.

Curiosidade estranha: tenho andado com um balão amarelo no bolso das calças, é uma daquelas coisas que me ajudam nas aulas: bonecos, música, balões... enfim é uma festa! Sempre que o encho penso nisso, só mais um bocadinho para mostrar mesmo como se diz BIG, BIG, BIG ... o feeling é esse: uma destas aulas vou estourá-lo.

Tempos de hibernar já lá vão, nada como um bom estouro para acordar as ideias de tempos em tempos ;)

§

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21 outubro, 2008 01:27 ×

Muito engraçado isso do balão. :)

Por aqui está na hora de hibernação em alguns aspectos, e estouros só na hora de soltar mais umas palavras.

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21 outubro, 2008 01:32 ×

Olha vou-te contar uma história:

Era uma vez uma menina. Ela gostava de comer areia. E comia muita.

Então um dia ela foi à praia e comeu tanta areia tanta areia e depois ela queria ir embora para casa mas estava tão pesada que não conseguía andar e depois a maré subiu e engoliu-a.

Quando ela morreu afogada, veio um golfinho, levou-a para a sua casa, deu-lhe um beijo na boca mas sem língua porque os golfinhos não têm língua acho eu.. ou têm? Bem, não interessa, foi um beijo muito soft por isso não meteu língua no meio.

A seguir ao beijo a menina transformou-se numa linda sereia gorducha. Mas ela não se importava de ter excesso de peso e o golfinho também não. E como eram de raças diferentes também não podiam fazer amor, mas eles eram felizes assim.

Moral da história:
Não fazia sentido a menina comer areia mas a menina comeu até morrer e como resultado encontrou o seu amor eterno. :) :)

[Esta história é verídica.]

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21 outubro, 2008 01:46 ×

o_0

wtf?

Bem, agora só falta mesmo a ilustração para essa história fantástica (no bom sentido). ;)

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