"De cada vez que os meus olhos se abrem é o abismo que vislumbro à minha frente, é a vontade de querer sempre o que não tenho, de sonhar com o impossível e de me deixar cair sem destino concreto.
São as madeixas azuis que faço com regularidade neste cabelo, são os desenhos que faço nesta minha mesa de madeira a fazer lembrar os tempos em que ainda andava na escola, são as palavras que escrevo no meu armário do quarto. Tenho necessidade de me sentir viva e leve, de pensar que consigo flutuar apenas porque penso nisso e porque o desejo, de ser uma heroína nesta história.
Não quero paz nem inquietude, quero consequência. Quero que cada gesto tenha peso, que cada movimento seja gracioso e firme, que tudo seja como um bailado, em que dançar é a forma de expressão última, a fragmentação do ser.
Não quero atenção, mas sim deixar de ser vista.
Comprar roupa compulsivamente já não me faz sentir viva nem disfarça mazelas, nem mesmo com a desculpa de pensar que é apenas um antistress para fugir da insatisfação que cada dia me traz. Já tentei livros, filmes, jogos e até beliscar-me, mas os resultados estão aquém do esperado. E também, se quisesse realmente libertar stress, nada como a masturbação, mas não, não é disso que se trata.
O problema passa realmente por já não precisar de respostas, por já não ter perguntas sequer, porque sempre que procuro algo, acabo por o encontrar, o que só me faz querer mais e mais, desejar o inalcançável, e querer correr para sempre, até que deixe de vislumbrar alguma meta.
Basicamente, quero tudo, e não quero nada. Quero apenas existir, mas também quero o infinito. Quero… deixar de querer?"
Nuno Almeida, Lugares Comuns, 2008
boomp3.com
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São as madeixas azuis que faço com regularidade neste cabelo, são os desenhos que faço nesta minha mesa de madeira a fazer lembrar os tempos em que ainda andava na escola, são as palavras que escrevo no meu armário do quarto. Tenho necessidade de me sentir viva e leve, de pensar que consigo flutuar apenas porque penso nisso e porque o desejo, de ser uma heroína nesta história.
Não quero paz nem inquietude, quero consequência. Quero que cada gesto tenha peso, que cada movimento seja gracioso e firme, que tudo seja como um bailado, em que dançar é a forma de expressão última, a fragmentação do ser.
Não quero atenção, mas sim deixar de ser vista.
Comprar roupa compulsivamente já não me faz sentir viva nem disfarça mazelas, nem mesmo com a desculpa de pensar que é apenas um antistress para fugir da insatisfação que cada dia me traz. Já tentei livros, filmes, jogos e até beliscar-me, mas os resultados estão aquém do esperado. E também, se quisesse realmente libertar stress, nada como a masturbação, mas não, não é disso que se trata.
O problema passa realmente por já não precisar de respostas, por já não ter perguntas sequer, porque sempre que procuro algo, acabo por o encontrar, o que só me faz querer mais e mais, desejar o inalcançável, e querer correr para sempre, até que deixe de vislumbrar alguma meta.
Basicamente, quero tudo, e não quero nada. Quero apenas existir, mas também quero o infinito. Quero… deixar de querer?"
Nuno Almeida, Lugares Comuns, 2008
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9 comentar
Click here for comentarE tu o quê que queres?
ReplyEu sei o que quero... quer dizer, não sei bem se sei... acho que sim. Mas às vezes não.
Quanto ao teu texto, muito bom, mais uma vez.
Remete-me para a música 'Estou Além' de António Variações... o querer sempre o que não se tem na altura.
Acho que já uma vez escreveste um texto (será que foste tu ou estou a fazer confusão??), que me fez lembrar essa música. :)
**
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHH (pânico)...
ReplyTu num paras rapaz? Quem me dera ter essa energia, agora bem precisava, para assimilar estas matérias que são mais complicadinhas que...que...sei lá o quê!
Ora, acho que, quando terminar estas estupidas frequêncas, ainda vou mas é fazer uma compliação dos teus textos e lê-los na praia!
:)
Liliana, António variações? Curioso.
ReplyEm relação ao que quero, por um lado quero tudo e por outro quero nada i guess. Quero que esta faísca se mantenha acesa usando assim uma metáfora só para soar bem ahahah. :p
Quero continuar a viver e apaixonado, não só pela vida como por tudo o que me faça sentir algo que seja, e continuar neste caminho.
Thx. :)
Soya, estás viva!! ;)
Hmm, pois, por agora não páro não heheh. :p Mas eu dou-te um pouco de energia na boa. Ora toma lá *ziinnnng*
Boa sorte para as frequências e hmm, ler estas coisas na praia deve ter a sua piada, especialmente de noite. ;)
:)
Deixar de querer? Isso é que não!
ReplyAdorei este texto :)
:) Obrigada mais uma vez.
ReplyEu também adorei o teu último dos "cortes no egoísmo", e como não dá para dize-lo lá, digo aqui. :p
Nunca é demais dizer que o teu site, e "tu" (note-se as aspas), têm sido um fonte de inspiração tremenda nos últimos tempos, onde muitas destas personas parece que ganham ainda mais vida devido a isso. :)
:)
Reply§
:) Muito obrigado!!!
ReplyOra ainda bem que 'eu' sirvo de inspiração :D
(agora vou ali limpar a baba)
**
heheh, é a verdade. :)
ReplyAo menos hoje em dia já não entro naquelas noias de antes, em que deixava de ler ou ver algo por causa de possíveis influencias. :p
:D ainda bem!
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