Edições Cellophane: livro 3


Um convite inusitado. Captar imagens da inauguração de uma exposição de fotografia, mas mantendo o meu registo artístico, pessoal. E depois a proposta seguinte, criar um livro a partir dessas imagens, também ele reflectindo uma abordagem artística, um objecto potencialmente diferente. A reacção, aqui em casa, perante o livro em mãos, foi a de se ter criado uma obra de arte. Desafio superado? Talvez. Não é bom enchermo-nos de certezas. O terreno é movediço.


Tentar criar arte com arte, ou inspirado por ela. O caminho não me é estranho. A possibilidade de introdução de várias camadas e leituras. Se as fotografias presentes neste livro seguem um registo teatral e algo cinematográfico, as pessoas encaradas como personagens de uma peça, a concepção e realização do objecto físico merece algumas palavras adicionais. Para quem nunca tinha concebido um livro deste género – estamos num campo material bem diferente das obras anteriores –, o desafio a início impunha um respeito obrigatório, com receios e dúvidas naturais. O resultado final apresenta-se em capa dura, com folhas de guarda na entrada e no fim, 100 fotografias em tamanho generoso, ocupando cada uma duas páginas inteiras, o todo cosido e colado à mão, e um design sóbrio, mas marcadamente pessoal. Cerca de 212 páginas, no total. O número bizarro de exemplares requisitados, apenas quatro, confere a esta demanda uma característica sui generis adicional.


Não posso deixar de agradecer à Gráfica 99, em particular ao Joel Isaac, e ao encadernador Carlos Guerreiro por terem aceitado este desafio, concretizando-o em tempo recorde. O seu trabalho e ajuda foram fundamentais neste processo. Aprendi muito com ambos. Uma última palavra de apreço à Patrícia, responsável por várias das fotografias presentes no livro.

PS: Este livro foi realizado devido ao referido convite e encomendaram-me especificamente a impressão de apenas quatro exemplares para oferta. Por essa razão não está à venda de momento.