A história dos amores mecânicos e das figuras sem rosto


Ignição, dos ruídos que espreitam dos lençóis puxados para trás ao abandono. Está demasiado calor, o suor concentra-se na mancha negra onde pouso a cabeça, escorre-me pelos olhos, fechados, rios com bacias fluviais concorrentes. Os dedos lutam por encontrar o útero, os intestinos, um a um, uma mão raras vezes é suficiente para agarrar a vida. É preciso proibir os prazeres pequenos, as faltas de ambição, as barreiras à exploração da carne, o esperar pelos convites para entrar nas portas do corpo. Urge perfumar o ar num golo sôfrego, sem medo, com especiarias principescas para as papilas gustativas. Assim, de rompante, até que a voz nos doa de tanto gritar.

Nuno Almeida
Histórias de raparigas com casacos de cabedal e braços cobertos com pulseiras

2012

A história dos amores mecânicos e das figuras sem rosto

Guardar [MP3, ZIP] Duração [17:00] Data: 09-08-2012

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