Fado: como lidar com a morte à distância?

Emigrar para outro país não é algo que se faça de ânimo leve e só quem nunca o fez é que pode pensar o contrário. Deixamos a família para trás, os amigos, a casa, tudo o que nos é familiar. No nosso caso, porque acreditamos em sonhos, em tentar mudar algo e não na pálida ideia de que vamos construir algum tipo de pé-de-meia. A utopia nasceu connosco.

O dia de hoje foi marcado por uma daquelas notícias que não esperamos e este é mais um caso em que a distância física só piora. Não podemos ajudar ou apoiar além do telefone ou de um pequeno consolo virtual. Não chega. É uma sensação impossível de descrever e de lidar.





Esta notícia veio juntar-se a um observar das futilidades com que o ser humano se entretém. Adoramos categorias, em separar as pessoas por extractos sociais e definições que nada significam, em obrigar as pessoas a viver segundo os nossos padrões porque não aceitamos a diferença mesmo que as opções delas em nada nos afectem, em elaborar estudos e encontros para o umbigo que nada trazem para a humanidade, em acumular compras supérfluas para esboçarmos sorrisos de mentira. Estuda-se maioritariamente não para saber mas para se ter um estatuto, uma porta de acesso a mundos preenchidos com vazio espiritual, estabelecemos que tudo é Arte e validamos o nada, não sabemos o que é dizer um bom dia ao outro e o conceito de Comunidade é-nos deveras estranho, ao contrário do conceito de Maldade e Mesquinhez, cada vez mais enraizados.


Como é que no meio disto continuamos a respirar e a ter vontade de partilhas e de tentar oferecer algo? Ao contrário da pergunta inicial, a resposta a esta segunda questão até é simples. Porque não concordamos com tal maneira de viver e porque não somos assim.