Mais peculiaridades de Budapeste


Dicotomias, fusões, disparidades. Existe uma mistura de elementos na cidade de Budapeste que nos invade o ser da melhor maneira e que nem sempre é fácil de digerir de um só fôlego. A cada canto podemos encontrar fachadas de prédios carismáticas que nos remontam para tempos idos e locais absolutamente monumentais como o Café New York por exemplo. Ao mesmo tempo estes locais contrastam com o design fantástico, surreal e decadente dos chamados Ruin Pubs.


Nestes últimos o reaproveitamento de materiais e objectos é primoroso e nem conseguimos conceber sequer o que passaria na cabeça das pessoas. Salas de espectáculos, café, bar, galerias, projecção de filmes, o conceito multiusos funde-se em perfeição com o design alternativo e eficaz. Esta mistura estende-se a tudo. Gradualmente percebemos que existem vários conceitos vanguardistas, modernos e culturais associados ao povo húngaro, como temos os característicos eléctricos, as estações de metro antigas ou os tais pormenores arquitectónicos que nos remetem para um dos vários períodos da História deste país.


Quanto mais conhecemos, mais temos noção de que em Portugal fomos muito poupados e que não existe grande percepção do que já aconteceu neste país. Ocupado por impérios, nações, palco de horrores de regimes fascistas e comunistas, não é por mero acaso que pouca gente conhece alguma coisa sobre Budapeste e quando referimos que é na Hungria já aconteceu perguntarem-nos se o país se situa na Europa ou se faz parte da União Europeia.

Uma boa maneira de percebermos melhor o que se passou até hoje é não só conviver com pessoas de cá que viveram durante esses períodos, como também visitar o Museu Nacional Húngaro. Aqui podem encontrar diversas salas temáticas, cada uma relacionada com um período da História da Hungria. As salas contêm informação nesse sentido, mas também objectos, roupas e até pequenas salas como um cinema ou uma escola da época por exemplo. Algumas secções são tão imponentes que é normal sentirmos-nos muito pequeninos lá dentro.


A língua oficial, difícil de aprender já que não tem pontos de referência com o português ou com alguma outra língua, denomina-se Magyar e soa tão estranha como bonita, especialmente quando proferida por crianças pequenas. Pequerruchas e cheias de roupa devido ao frio do Inverno, é impossível não ficarmos derretidos quando as ouvimos dizer alguma palavra. Em contraste, é nos rostos com mais idade e com marcas da vida que encontro o impulso de os fotografar por serem tão característicos como já deve ter dado para perceber.


Espero que tenham gostado de mais uma pequena partilha de dois portugueses a viver em Budapeste. As cenas do próximo capítulo seguem dentro de momentos. ;)