Fotografia: colorir os dias cinzentos


Emigrar para outro país já de si é um choque a vários níveis. Quando este nos é estranho e a primeira vez que o visitamos é desta maneira, a dimensão dos efeitos consegue abalar os mais resistentes. E foi assim que nós fomos para a cidade de Budapeste, na Hungria.

Como já deve ter dado para notar, a fotografia tem sido um elemento de peso nestes primeiros dias, o que não será de estranhar perante a mudança radical de cenário e também porque já era uma área em permanente crescendo nos últimos meses. Dar azo à criatividade tem sido uma maneira de lidar não só com toda esta situação nova, mas também para nos ajudar a animar e a colorir os dias cinzentos. Saudades da família e dos amigos, períodos de doença, ritmos endiabrados de trabalho, adaptação a um país que nos é desconhecido e onde a língua nos obriga a novas abordagens e interacções. A tarefa não é fácil digamos.

Em alguns aspectos, como diria a Patrícia, a vertente criativa parece inesgotável. Todos os dias acaba por se fazer algo e no caso da fotografia a overdose já atingiu o nível de outras áreas. Umas fotos partilhamos com prontidão (aqui ou no facebook), outras carecem de mais tempo e no geral os temas de inspiração têm sido diversos. Umas com mais luz, algo bucólicas e poéticas, outras oriundas de uma tonalidade assente no caos, outras no meio termo.

Há uma necessidade de equilibrar as dificuldades do dia-a-dia com uns mimos muito próprios que tentam dar um outro sentido a tudo isto. E é nestes trilhos, na diáspora de dois pequenos portugueses, que a importância da arte e cultura na vida das pessoas mostra novamente o seu papel fundamental.

Adoro esta fotografia (clicar para verem maior).