O Outro Lado dos Minuetes

Tal como algumas pessoas poderão comprovar na pequena lembrança que lhes ofereci na inauguração da exposição 'Minuetes de Caos', há sempre um equilíbrio precário à volta do meu conceito de bonito e da realidade em que a minha mente habita. A luz pode puxar-nos para os delírios mais auspiciosos, como para uma escuridão e sujidade que pode ser desconfortável. Em muitos casos, é apenas o fulgor do momento.

No passado dia 15 tirei várias fotografias ao evento. Tratei-as de maneira normal, na medida em que efectuei uma simples correcção de cores e como fosse um trabalho destinado a uma mera reportagem por exemplo. Enquanto efectuava esse processo, algumas delas chamaram-me a atenção e decidi enveredar pelos caminhos que podem ser vistos na referida exposição até ao dia 30. Não seria a primeira vez que me diriam que a dada altura o que faço já não é fotografia mas sim arte, isto no sentido pejorativo da coisa. Sinceramente, acho tal argumento irónico (fotografia é arte) e estamos é presos a demasiadas definições e noções instituídas na nossa cabeça, faltando-nos várias vezes a vontade de apreciar as coisas apenas, seja em que área for.

Há algo de teatral e dramático nesta fotografia, um momento captado dentro de outro momento, uma descontextualização que me apraz e uma narrativa em segredo para cada um de nós. Mas isto sou eu a tentar a desvendar o véu com parte da minha interpretação e intenção. Ou porque me apeteceu partilhar mais um pouco de mim, também.