09-07-2011 @ ADN | Impressões

Neste fim-de-semana fomos rodear-nos de bichanos, de animais queridos, de estrelas. A vida no campo tem o seu encanto quando degustada em doses moderadas. Partimos na Sexta-Feira com a PJ Harvey a fazer-nos companhia na estrada, abraçámos o cinema com dois filmes já no aconchego dos lençóis e aninhámos com os pensamentos ainda longe das horas seguintes.

Setúbal era novamente o nosso destino no Sábado à noite. Cidade que nos tem acolhido com simpatia e entusiasmo, tem sido uma das razões porque continuamos a persistir e uma aposta ganha de ambas as partes.

Um Sábado como o ADN já não tinha há algum tempo. Esta foi uma das reacções, semelhante ao que tinha acontecido na data anterior em que toquei na casa.

Muito disto não depende de mim, em particular o número de pessoas que aparece numa casa, mas conseguir mantê-las por lá já é outra conversa e isso foi conseguido da melhor maneira e seguindo uma filosofia simples. Manter o ritmo, boa disposição, sem concessões.

No geral, o ADN começa a funcionar depois das 02h da manhã, quando muitos dos bares da zona de Setúbal encerram as suas portas. Nesta noite o fluxo de pessoas começou a manifestar-se verdadeiramente por volta das 03h. Muito naturalmente, as pessoas chegam já com um andamento diferente e uma energia que obriga a certas abordagens, a disposição e local convidando à dança dos sentidos e do corpo.

Decidi começar a noite com a ‘Fire’ dos DK7, quem sabe influência do último podcast que podem encontrar neste blogue, seguindo-se a ‘Girls’ dos Death in Vegas. Imagens do filme ‘Lost in Translation’ eram inevitáveis e na terceira faixa já estávamos na ‘Bull in the Heather’ dos Sonic Youth. Bonito.

Adaptabilidade é uma das minhas características e depois de uma breve passagem pelos Echo & the Bunnymen e por rumos filiados na escola pós-punk e indie, deu para perceber que a energia convidava a outras sonoridades. Já familiarizado com algumas nuances do equipamento e depois de resolvidos alguns problemas técnicos, a electrónica era quem ditava as ordens. Lulu Rouge, Simian Mobile Disco, Scratch Massive, Front 242 ou Port-Royal, comandavam os corpos numa casa que já estava cheia. A passagem subtil para a ‘Question of Time’ dos Depeche Mode era um sinal que a oscilação sonora com pés e cabeça iria continuar sem sinais de abrandar. Trentemøller, Siouxsie and the Banshees, Primal Scream, Noir Désir, Curve, Love & Rockets, BirdPen, as apostas andaram sempre naquele meio-termo e com a preocupação em manter o tal ritmo elevado.

A recta final adivinhava-se com a ‘Love Is the Number of Keys’ dos Latriste, um clássico já destas noites a meu cargo, a imensa ‘Living In Heaven’ dos A Flock of Seagulls e a ‘Rêverie’ dos Cranes. Estávamos já a caminho das 07h da manhã.

Como se toda a noite não desse já um claro sinal da impossibilidade de sabermos o que se iria passar em termos sonoros, o final puxou ainda mais a corda para essa direcção. A entrada malévola da faixa ‘Omniman’ dos Download, a que se junta uma batida electrónica que ameaçava demolir as paredes, colou de maneira soberba com a ‘Homing’ dos Extrawelt e com a ‘Choke’ dos Lunatic Calm. O remix dos Filia Brazillia para a faixa 'Cotton Wool' dos Lamb começou a acalmar o ritmo, ficando aquele toque especial reservado para os últimos temas.

‘Absence’ de Clark e ‘Sleep’ de Soap&Skin acabaram a noite com um sorriso, o sol a bater-nos na cara quando decidimos enfrentar a rua pouco tempo depois.

Resta-me agradecer a todas as pessoas que marcaram presença no ADN, com especial destaque para a Patrícia, que ao meu lado ajudou na inspiração, ao Eduardo, Cristina e Luís (Infestus), pelo apoio e boa disposição, por rumarem ao ADN após saírem do Baco. Assim como tenho de agradecer ao Miguel e a toda a equipa do ADN pela aposta e partilha de bons momentos. No final de Agosto há mais. ;)