A Luz dos Espelhos

Ainda acreditas no que escreves, nessas canções que gostas de entoar em ciclos bem definidos? Lamento dizer-te, mas eu não. Aliás, nem lamento, encolho apenas os ombros de tão natural que tudo flui nesta vida, de dentro para fora, em que tão depressa temos uma cor diferente na nossa cara, uma expressão que nos atraiçoa, como depois ela desaparece para dar lugar a outras, não necessariamente diferentes, mas com uma luz que provém de outros espelhos.

Espera, não fiques triste, que mania e presunção a tua de pensares que estou a falar de ti, ou de nós, ou de vós. Percebes agora?

Adoro os botões desta camisa.

Nuno Almeida
Histórias de raparigas com casacos de cabedal e braços cobertos com pulseiras
2010