"From Prague to Where?" Boa questão, parte II

Quando voltei de Praga, esta era uma das questões na minha cabeça em relação a várias coisas, visto que toda essa última viagem era mais um passo dado em certas direcções, seja na questão de meter música como noutras. Se as respostas a outras questões ainda não são muito claras, a da música parece aproximar-se de uma nova fase lógica, comprovada pelas mudanças que notei nas últimas noites do BB e na última metade da noite de Praga.

Neste campo, o tal afastamento de certas bandas aos poucos dos alinhamentos das noites tornou-se cada vez mais claro, com algum destaque para um certo novo rock, indie, new wave wtv, que sinto ter chegado a um ponto algo excessivo. A juntar a isto temos factos como ter conseguido arranjar, finalmente, algumas coisas que procurava há algum tempo em CD aos poucos e poucos. Hoje por exemplo foi a vez do Waiting for a Miracle dos Comsat Angels e o If I Die, I Die dos Virgin Prunes, fora outras coisas como o primeiro album dos Six By Seven por exemplo. Como tal, bandas recentes como os She Wants Revenge são afastadas e desaparecem da mala de CDs porque são uma “cópia” e note-se as aspas, de diversas bandas antigas e influências, e já que a moda é tanta, sinceramente prefiro meter os Virgin Prunes já que finalmente achei o CD e até acho que têm várias faixas que sobrevivem melhor ao longo de várias noites, apesar de isso ser sempre muito relativo.

Óbvio que continuo a apostar na mistura entre o novo e o antigo, mas há bandas novas que sinto ter havido alguma saturação, enquanto outras parecem sobreviver melhor. Um exemplo desse último caso são os The Organ, que ainda agora sinto que ouvem-se muito bem e criam sempre um ambiente giro de cada vez que alguém decide passar uma faixa deles, mas já em relação aos tais She Wants Revenge, Franz Ferdinand e outras bandas, as coisas começam a mudar cada vez mais de figura.

Até que ponto é que certas bandas mais recentes precisam realmente de ser divulgadas em detrimento de outras mais antigas? Esta é outra questão que pondero várias vezes. Interpol é uma das tais bandas novas que gosto dos trabalhos iniciais, mas para quem conhece as bandas, sabe que temos ali os Chameleons, Echo & The Bunnymen, Kitchens of Distinction e uma ponta de Joy Division, todas surgidas há 20 anos atrás. Não será bom uma pessoa tentar divulgar também essas bandas e outras para o que se pode chamar de geração actual? Continuo a achar o som das bandas referidas muito actual e chamá-lo de ultrapassado seria sempre um pouco irónico perante o que se vê em algumas das tais bandas recentes, visto que pegam nesses modelos antigos. Agora claro que se ninguém passar essas bandas mais antigas e ajudar a divulgá-las, será impossível para certas pessoas conhecerem alguma vez as mesmas. Daí a tal mistura que vou tentando fazer, pegar numa banda recente como isco e espetar de seguida uma ou duas mais antigas na mesma linha :p.

Toda esta história, vulgo testamento e conversa da treta para a maior parte das pessoas, leva ao esqueleto de um novo CD de apresentação que já anda na minha cabeça há alguns dias. Apesar de estar sempre a fazer CDs e afins, aqueles que acho que podem servir como apresentação do projecto Cellophane são sempre um pouco diferentes e tendem a tentar reflectir o estado actual do mesmo. Ainda gosto bastante do realizado antes de Praga e continuo a usá-lo visto que o adoro, mas sinto-me na obrigação de fazer um novo que reflicta as tais mudanças que têm acontecido. Na altura de entregar algum até posso dar os dois, visto que depois irei sentir-me melhor por haver igualmente um reflexo num deles de certas tendências, ou ainda acusam um gajo de pub enganosa lol

From Prague to Where? Boa questão.